Abaixo listo 8 tópicos que considero complexos
quando saem da explanação teórica e são levados à pratica profissional.
Convido-os para refletir comigo sobre eles.
1. Entender que, por mais conhecimento ou experiência que tenha acumulado, o ato de ouvir deve vir antes do falar
Seja na área clínica, em recursos humanos,
na universidade ou onde o quer que o profissional trabalhe, ele só será capaz
de fazer uma boa avaliação situacional, avaliação psicológica ou mesmo ensinar
algo a alguém se, antes de classificar, avaliar uma situação, repassar regras
ou executar protocolos, for capaz de ouvir e, a partir disso, compreender o
verdadeiro contexto em que está inserido. Quem chega com teorias e diagnósticos
pré-concebidos fica cego para o novo, e, ao invés de entender a realidade,
passa seu tempo classificando algo ou alguém segundo conceitos
fixos e pouco flexíveis.
2. For capaz de acreditar, antes de julgar
Quem trabalha na área
clínica, por exemplo, sabe bem que um diagnóstico coerente só é feito após
diversas sessões e, mesmo assim, ainda é passível de falha. Nesse processo, por
mais que algumas características pareçam claras, um psicólogo profissionalmente
maduro deve saber que sua avaliação deve passar pelo crivo da dúvida
(é para esses momentos que usamos o termo hipótese diagnóstica). Durante esse
processo de escuta atenda é que as informações relevantes farão mais sentido e,
aos poucos, trarão as peças históricas que permitirão uma avaliação rica e
verdadeira.
3. Ah, a vaidade humana…
A maioria dos
especialistas, seja de qual profissão for, corre o grande risco de sucumbir à
vaidade e proteger seus erros e inseguranças por detrás de uma atitude
arrogante. Outro dia, por exemplo, enviei um artigo para uma página grande do
facebook e o dono, psicólogo, não o aprovou, pois o título Pessoas como o
meu filho conseguem manipular psicólogos com facilidade poderia soar
agressivo aos colegas da área. E aí questiono, poderia soar agressivo a quem?
No caso do texto supracitado a frase usada como título foi proveniente de uma
mãe que, ao longo da vida, passou com seu filho por dezenas de psicólogos
que não conseguiram avaliar corretamente o caso de sociopatia de seu filho.
4. Não definir o ser humano com quem trabalha
através de um código de classificação de doenças.
Atitude comum na área de
psiquiatria, esse ato desumaniza a pessoa atendida, classifica-a em um conjunto
de sintomas previstos e afeta significativamente a possibilidade dos vínculos
necessáriosdurante a atividade profissional.
5. For capaz de separar sua vida pessoal de
seu papel profissional
Psicólogo no trabalho
não é psicólogo de amigo ou de familiares. Misturar esses papeis tende a, ao
contrário de ajudar, estremecer vínculos, pois coloca o profissional em uma
condição de falsa supremacia em relação aos seus. É claro que um conselho pode
ser útil, uma vez que pode conter um saber técnico específico, mas o melhor
conselho mesmo, sempre será a orientação de que a pessoa querida que
precise de um psicólogo, seja encaminhada para alguém fora de casa.
6. Perceber-se falho e capaz de errar
Um dos meus autores
preferidos, Malcom Gladwell, fala em um dos seus best sellers “Outliers” que
um profissional só alcança a verdadeira capacidade de expert em um assunto após
aproximadamente10 mil horas de trabalho prático.
Ou seja, antes disso (ou
mesmo depois, embora com menor margem de erro), o profissional terá
que ter muita humildade, pois certamente será seduzido por pessoas com sintomas
histriônicos ou terá a certeza que alguém falava a verdade, e só depois
descobrirá que estava lidando com um verdadeiro caso de sociopatia- isso só
para citar dois exemplos clínicos. E, comento por experiência e reitero o
exemplo da mãe do tópico anterior, infelizmente poucos profissionais da área de
psicologia são capazes de um diagnóstico claro de sociopatia.
7. Ter consciência de que um tratamento eficaz sempre
será mais bem sucedido com a parceria de outros profissionais em um trabalho
interdisciplinar
Sejam fisioterapeutas,
nutricionistas, terapeutas ocupacionais ou mesmo médicos e medicações
específicas, quando necessário. A pessoa que tem acesso a um tratamento
multidisciplinar sempre será avaliada e estimulada de maneira mais completa. O
trabalho de equipe, quando possível em clínicas e empresas, também ampliará a
visão de todos os profissionais envolvidos.
8. Não se sentir ofendido por esse texto
A pessoa precisa
concordar com tudo o que foi escrito? Claro que não. Os exemplos citados
são reflexões e creio que a essa lista ainda poderiam ser acrescentadas
diversas situações.
E você, está pronto para
ser um psicólogo profissionalmente maduro?
Fonte: Contioutra
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