Todo
casamento começa com um projeto de ideal e após algum tempo de relação ocorre
uma espécie de decepção por a fantasia não ser condizente com a realidade. Se
quebra a imagem fictícia de perfeição e vive-se o luto disso, concomitante ao
sentimento de afeto que se mantém por essa pessoa ‘imperfeita’. Há uma
dualidade: o amor pelo outro e o sentimento de frustração por ele não
corresponder às expectativas da imagem idealizada. Há níveis de frustração e
cada pessoa tem uma forma subjetiva de lidar com ela. Alguns perpassam por essa
fase sem muito alvoroço, todavia há quem enfrente grandes dissabores e ainda,
quem chegue ao divórcio.
Quando uma
pessoa tem dificuldades de conviver com as peculiaridades do parceiro, não
consegue o aceitar como ele é em essência, há uma forte tendência a tentar
mudá-lo, transformá-lo em uma pessoa que ele não é. Algumas destas manipulações
são sutís. Podem surtir efeitos positivos quando o desejo pela mudança parte
dos dois, mas também podem formatar falsas mudanças, aparências que com o tempo
se desmancharão. Quando as estratégias para mudar o outro são muito agressivas,
imponentes ou exigem padrões muito opostos a o que ele realmente é ou acredita,
o relacionamento entra em conflito.
É comum
ocorrerem embates quando um dos cônjuges é insaciável, espera mais e mais do
outro e mesmo que este lhe faça inúmeros agrados, nunca será o suficiente. Aqui
existe um sentimento de menos valia, pensa que o outro não o valoriza, pensa
que o outro poderia fazer mais, cobra muito porque acredita que é dever do
outro se esforçar para lhe agradar. Só consegue mensurar o amor do outro pelo
tanto que ele cede e lhe serve. Na verdade, tem falta de amor próprio e confere
ao outro a obrigação de suprir isso.
No outro
lado se encontra um que faz de tudo para agradar, e como nunca consegue se
sente incapaz, impotente. Se vê desvalorizado, pois o outro nunca reconhece seu
esforço. Por mais que faça o máximo que pode, o esposo (a) sempre considera o
mínimo. Fica acuado, desmotivado, infeliz por não ser capaz de fazer feliz o
outro. Ai a autoestima decai e olhar para uma terceira pessoa acaba por se
tornando uma alternativa. Aqui é uma grande brecha para os relacionamentos
extraconjugais.
O insaciável
também é tendente a procurar outros amores, mas se isto acontecer a história se
repetirá. Pois nenhuma pessoa será capaz de suprir seu vazio existencial. Por
mais que acredite que um grande amor resolverá, isso nunca vai acontecer. Essa
procura, esta falta não está no outro, não está em nenhuma pessoa ou coisa
exterior a sí.
Quando as
pessoas estão insatisfeitas consigo mesmas fazem, inconscientemente, uma
projeção no outro. Passam a acreditar que o marido/mulher é culpado pelos seus
desgostos. Os atos alheios são percebidos como exacerbadamente errados,
incorretos, irritantes e não consegue enxergar nada além do que a própria
verdade. Se algo em seu companheiro te irrita profundamente é porque esta
revelando algo sobre você. Caso não consiga enxergar é hora de procurar ajuda
externa.
Por katree Zuanazzi
Psicóloga
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