Nas
fantasias que você cria em sua cabeça, aparece algum desejo de compartilhar a
sua parceira com alguém, ou então participar de alguma orgia, em que ninguém é
de ninguém, e que você está sozinha nela? É engraçado porque quando
fantasiamos, nos permitimos pensar apesar de julgar ser errado, e por que isso
acontece?
A
fantasia nada mais é do que um mecanismo que existe para minimizar e nos
aliviar de algo que está recalcado em nosso inconsciente, ou seja, se existe
algo que desejo, mas eu não me permito pensar, eu recalco isso no meu
inconsciente.
Apesar
de você achar que esqueceu aquela vontade, esse desejo na verdade está apenas
recalcado e isso pode causar um certo desiquilíbrio psíquico, fazendo com que
você comece a fantasiar algo relacionado à aquilo que recalcou. Por exemplo, se
eu recalquei e não concretizei o desejo de ficar com uma pessoa (pelo fato de
eu ser comprometido); ao invés de elaborar tal desejo usando a minha razão, eu
tento apenas esquecer tal vontade, evitando olhar para aquela pessoa, ou
procurando não encontrá-la mais, mas mesmo assim esse desejo não desaparece,
ele apenas fica recalcado em meu inconsciente. Aí do nada, eu começo a pensar
mil coisas em relação à aquela pessoa e ainda por cima crio na minha cabeça
várias fantasias sexuais, isso ocorre pois o desequilíbrio que foi criado por
ter recalcado a vontade de ficar com aquela pessoa foi tão grande, que o
inconsciente “manda de volta” tal situação que eu recalquei, afim de que eu
resolva isso, seja fantasiando ou elaborando tal recalque com o uso da razão,
como citei acima.
Então
se você anda fantasiando muito em relação ao assunto sexo é porque está
recalcando bastante as suas vontades. Mas aí você me pergunta, o que eu faço
com os meus desejos? A minha resposta é: elabore.
Elaborar
nada mais é do que parar para pensar sobre algo que você quer fazer, mas que
por algum motivo não pode. Então pegando o exemplo que citei acima, se você tem
vontade de trair alguém, essa vontade é uma emoção que está vindo do seu
inconsciente e emoção é algo que se não usarmos a razão dificilmente consegue
segurar. Então não adianta usar da sua razão sobre a vontade de trair quando já
estiver na cama com a pessoa, pois ali a sua emoção (e tesão) vão estar “a mil
por hora”! Você tem que procurar pensar no mesmo momento que sentir que o
desejo bateu – ou seja, deu a vontade (seja qual for) – e aceitar que gostaria
de fazer algo com aquela pessoa e a partir daí usar a sua razão com o intuito
de acalmar seus desejos, avaliando até que ponto vai valer a pena tal ação,
pensando no futuro e nas consequências para você. Se você não conseguir fazer
isso naquele momento (isso requer prática), possivelmente você irá recalcar e
mais certo ainda será que fantasiará mais tarde. Fantasie, aproveite, mas para
que esse desejo não fique indo e voltando na sua cabeça, resolva em uma dessas
vezes elaborar e colocar um ponto final nisso.
Ah!
E se a minha fantasia for muito mais louca do que trair meu parceiro e que de
repente também envolva a participação dele ou dela? Procure conversar e expor
suas vontades – seja ter vontade de transar em um lugar proibido, tentar algo novo
durante a transa, etc. Tem tanta fantasia na cabeça das pessoas, você não
imagina o que existe!
Se
você tem vergonha de expor as suas fantasias para o seu parceiro (ou parceira),
seria legal então trabalhar isso em terapia, para lhe auxiliar a aceitar os
seus desejos e não ter vergonha de assumi-los, com o intuito de não recalcar
mais o que pensa e ser mais verdadeira com seu parceiro.
Se
o seu parceiro não quiser satisfazer as suas fantasias, compreenda, pois
certamente ele terá os motivos dele para não fazer o que você quer, assim como
ele também pode te pedir coisas que você não está afim de fazer, isso é ter
respeito um pelo outro. E mais um detalhe, o fato de você fantasiar algo que
ele, ou até você se surpreenda, não tem nada a ver em você ser uma pessoa
promíscua, ok? Lembre-se de que somos seres humanos e os nossos pensamentos por
mais loucos que sejam, sempre tem um motivo de existir. Se você quiser entender
o porquê deles existirem na sua cabeça, procure uma terapia, vai te ajudar.
Abraços
e ótima semana.
Por Paulo Jacob (Fãs da Psicanálise)
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