Eu adoro ser mulher. E adoro ser psicóloga. Ainda que não
esteja plenamente realizada em ambas “funções”. Digo isso porque quando falo em
ser mulher e ser psicóloga, algumas das expectativas e também das frustrações
se encontram. Pelo menos no meu caso.
Um exemplo foi ter que crescer e ver
que ser mulher vai muito além do que eu imaginava quando era criança. Ter que se reafirmar quase que o tempo
todo, provar que você também pode, que também é forte. Tem aquele risco de
querer tanto ser mais e fazer mais, que você acredita que nunca é suficiente,
que não é boa o bastante. E sobre o
mercado de trabalho, ainda que ele e a sociedade tenham mudado, há muito que
buscarmos e ainda é difícil nos afirmarmos em alguns momentos da vida, perante
algumas situações. Tem muito mesmo o que ser feito!
Bem, e sobre ser psicóloga confesso
que também não é tão fácil como imaginei (ou como fantasiei), especialmente no
início. Tem aver com o “reafirmar-se”, mas também é o
“reinventar-se” todo o tempo. Fora que a psicologia no Brasil ainda é uma profissão
predominantemente feminina, além de ser uma profissão relativamente nova, então
são duas causas pelas quais temos que lutar e defender.
E vem o ponto em que as funções são
agora uma só: mulher e psicóloga. Como acredito que só citei “as dores” até
agora, acho que é bem aqui que posso falar “das delícias”.
Conversei com muitas psicólogas nos
últimos dias a respeito deste assunto. Sem estereótipos ou generalizações, nós
sabemos das peculiaridades entre o feminino e o masculino com base em
todas as teorias psicológicas que estudamos durante a faculdade e demais
especializações, mas a característica mais recorrente destas mulheres ao
falarem da psicologia como profissão foi a sensibilidade. Sensibilidade não no
sentido de fragilidade, mas no sentido de perceber o outro em seus aspectos
mais íntimos e mais delicados. No sentido de tocar e sentir-se tocada pelo
outro. É claro que os homens, sobretudo no papel de psicólogos, também são
plenamente aptos a demonstrarem essa sensibilidade, o que é da mesma forma
admirável. Mas o que as psicólogas com quem conversei me mostraram como algo
fantástico é o fato de elas perceberem tão bem essa habilidade em si mesmas,
valorizando perfeitamente este aspecto. Outro ponto foi justamente o “reinventar-se”
que já citei em outro momento do texto. Acredito que na Psicologia seja mesmo
necessário reinventar-se sempre. Tentar de novo, respirar fundo depois que um
resultado não foi o que se esperava, pensar em novas estratégias, desfazer-se
de seus padrões internos, assumir novos papéis… Acho tão linda a excelência da
mulher ao fazer tudo isso!
Se alguém decide ser psicólogo ou
psicóloga, precisa escolher a Psicologia. Escolher mesmo, todos os dias. Lutar
por ela, renovar essa escolha. Concluo que há muito mais “delícias” do que
“dores” nessa complexa e perfeita combinação entre o ser mulher e ser
psicóloga. E continuo confiando que a Psicologia é um belo caminho para nos
ajudar em muitos avanços.
Por: Ane Caroline Janiro
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