Se as crianças e adolescentes tiverem que ser
vítimas do destino, que jamais seja por nossa omissão ou negligência! (John
Kennedy)
A violência sexual contra crianças e adolescentes
é um fenômeno complexo e de difícil enfrentamento, apesar deste fato ter
ganhado certa visibilidade nos últimos tempos através de campanhas de
conscientização como o 18 de Maio e canais de denúncia como o Disque 100, a sua
compreensão e enfrentamento ainda precisa ganhar muito espaço. Atuo no Centro de Referência Especializado da Assistência Social – CREAS
do município de Alta Floresta/MT. Lá, juntamente com uma equipe técnica
composta por psicólogos, assistente social, advogada e educadores sociais, prestamos
atendimento a pessoas que vivenciam as mais diversas situações de violação de
direitos e dentre estas vítimas estão crianças e adolescentes vítimas de
Violência Sexual.
Aos que não sabem, o abuso sexual é todo ato ou
jogo sexual, sendo relações heterossexuais ou homossexuais, entre um ou mais
adultos e uma criança ou adolescente, com a finalidade de estimular sexualmente
a vítima ou utilizá-la para obter uma estimulação sexual. Trata-se de um
fenômeno mundial e, ao contrário do que muita gente imagina, o abuso sexual atinge
todas as classes sociais e está ligada também a aspectos culturais, como as
relações desiguais entre homens e mulheres, adultos e crianças, brancos e
negros, ricos e pobres.
Eu
sempre digo que antes de atuar no atendimento às vítimas de violência sexual eu
não tinha noção do que é o Abuso Sexual e muito menos as suas consequências. A
partir de minha experiência no atendimento a essas vítimas, percebo que é
nítido que as mesmas chegam ao serviço de proteção cheias de marcas, não apenas
físicas, mas também psicológicas as quais acabam interferindo negativamente em
seus comportamentos. É uma violência velada, íntima, difícil de ser
identificada, porém não é impossível.
Sobre
as consequências do abuso eu afirmo que são diversas e severas. A curto prazo, por exemplo, a vítima pode
apresentar problemas de ajustamento
sexual, preocupação com assuntos sexuais, aumento das atividades
masturbatórias, súbito aumento das atividades heterossexuais. Mudanças súbitas
e extremas tais como distúrbios alimentares e afetivos, comportamentos
agressivos ou de autodestruição e pesadelos podem ser observados em crianças e
adolescentes em situação de abuso sexual.
Destaco
também o medo, perda de interesse pelos estudos e brincadeiras, dificuldades de
se ajustar, isolamento social, déficit de linguagem e aprendizagem, distúrbios
de conduta, baixa autoestima, fugas de casa, uso de álcool e drogas, ideias
suicidas e homicidas, tentativas repetidas de suicídio, automutilação e
agressividade também têm sido descritos.
O
abuso sexual também pode ocasionar sintomas físicos, tais como hematomas e
traumas nas regiões oral, genital e retal, coceira, inflamação e infecção nas
áreas genital e retal, doenças sexualmente transmissíveis, gravidez, doenças
psicossomáticas e desconforto em relação ao corpo.
Todas
essas características acima são indícios de que a criança ou adolescente possa
estar sendo vítima de abuso sexual ou qualquer outra violência, por isso, você
profissional psicólogo, assistente social, professores, educadores sociais,
todas as pessoas que tenham contato com crianças e adolescentes, fiquem
atentos.
Faça a sua parte. Em
caso de violações, Não desvie o olhar. Fique atento. Denuncie.PROTEJA. Para denunciar DIQUE 100 ou procure o Conselho Tutelar,
CREAS ou Delegacia mais próxima.
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