Introduzido
em 1972, o Procedimento de Desenhos-Estórias (D-E) é uma técnica psicodinâmica
de investigação da personalidade. Assim como a Hora de Jogo Diagnóstica
(Aberastury, 1962) e o Jogo de Rabiscos (Winnicott, 1971), o D-E se constitui
em uma estratégia de investigação ampla, e não um teste psicológico. Sua
aplicação demanda ao examinando 5 unidades seqüenciais de desenhos livres e
cinco estórias que lhes são associadas imediatamente após cada desenho,
seguidas de um “inquérito” e título da produção.
A
junção das formas gráficas com as formas de percepção temática tem por objetivo
a obtenção de informações sobre as experiências subjetivas, com ênfase na
dinâmica inconsciente. Pode ser aplicado individualmente em crianças,
adolescentes e adultos que conseguem se comunicar por desenhos e verbalizações;
e é indicado nos primeiros contatos com o examinando.
O
“inquérito” visa a ampliação das observações por meio de esclarecimentos e
novas associações. O uso do D-E não se restringe a situações clínicas, podendo
ser empregado em escolas, ambientes judiciais, médicos e outras situações em
que os processos mentais necessitam ser investigados. O D-E pode proporcionar
uma compreensão abrangente, quando combinado com as entrevistas, a anamnese e
outros instrumentos psicológicos.
De modo
geral, pode-se afirmar que as imagens gráfico-verbais contidas no D-E estão
dentre aquelas que melhor se prestam à comunicação de emoções versáteis e
sutis, porque sua natureza é descompromissada e lúdica. Permitem uma abordagem
dos pontos conflitivos e dos comprometimentos emocionais por meio da associação
livre. O D-E vai ao encontro dos pontos cruciais e dos focos nodais dos
desajustamentos psíquicos. Quanto mais aberta e lúdica for a situação do exame,
melhor se presta à emergência do desconhecido que necessita se tornar
conhecido. Dessa forma, o D-E pode ser interpretado segundo princípios
semelhantes à interpretação dos sonhos, preferencialmente pela livre inspeção
do material. No conjunto da produção gráfico-verbal de um examinando,
geralmente se encontra a convergência das partes em direção a uma comunicação
unitária, inteira e indivisa.
*Walter
Trinca é psicólogo, mestre e doutor em Psicologia Clínica e psicanalista membro
da SBPSP.
Fonte: Psicoquê
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