sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Procedimento de Desenhos-Estórias (D-E)

Introduzido em 1972, o Procedimento de Desenhos-Estórias (D-E) é uma técnica psicodinâmica de investigação da personalidade. Assim como a Hora de Jogo Diagnóstica (Aberastury, 1962) e o Jogo de Rabiscos (Winnicott, 1971), o D-E se constitui em uma estratégia de investigação ampla, e não um teste psicológico. Sua aplicação demanda ao examinando 5 unidades seqüenciais de desenhos livres e cinco estórias que lhes são associadas imediatamente após cada desenho, seguidas de um “inquérito” e título da produção.

A junção das formas gráficas com as formas de percepção temática tem por objetivo a obtenção de informações sobre as experiências subjetivas, com ênfase na dinâmica inconsciente. Pode ser aplicado individualmente em crianças, adolescentes e adultos que conseguem se comunicar por desenhos e verbalizações; e é indicado nos primeiros contatos com o examinando.

O “inquérito” visa a ampliação das observações por meio de esclarecimentos e novas associações. O uso do D-E não se restringe a situações clínicas, podendo ser empregado em escolas, ambientes judiciais, médicos e outras situações em que os processos mentais necessitam ser investigados. O D-E pode proporcionar uma compreensão abrangente, quando combinado com as entrevistas, a anamnese e outros instrumentos psicológicos.

De modo geral, pode-se afirmar que as imagens gráfico-verbais contidas no D-E estão dentre aquelas que melhor se prestam à comunicação de emoções versáteis e sutis, porque sua natureza é descompromissada e lúdica. Permitem uma abordagem dos pontos conflitivos e dos comprometimentos emocionais por meio da associação livre. O D-E vai ao encontro dos pontos cruciais e dos focos nodais dos desajustamentos psíquicos. Quanto mais aberta e lúdica for a situação do exame, melhor se presta à emergência do desconhecido que necessita se tornar conhecido. Dessa forma, o D-E pode ser interpretado segundo princípios semelhantes à interpretação dos sonhos, preferencialmente pela livre inspeção do material. No conjunto da produção gráfico-verbal de um examinando, geralmente se encontra a convergência das partes em direção a uma comunicação unitária, inteira e indivisa.


*Walter Trinca é psicólogo, mestre e doutor em Psicologia Clínica e psicanalista membro da SBPSP.

Fonte: Psicoquê

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