Durante minha
curta carreira como Psicólogo ouvi e ouço muito frases como: “como você aguenta
ouvir tantos problemas” ou “deve ser difícil pegar casos complicados ou
esquisitos, não é mesmo?” ou “eu não teria paciência, não resolvo nem meus problemas, quem dirá resolver os dos outros...".
Sempre digo, um psicólogo ou uma psicóloga,
antes de tudo é um ser humano, sendo assim, sente exatamente como todas as
pessoas deste mundo. Todos os sentimentos estão presentes e aparecerem hora ou
outra. Pontuo que a diferença esta na impressão que passamos, de que somos bem
resolvidos, ou tranquilos, ou pacíficos, ou equilibrados, isso se dá devido às
técnicas da profissão.
Por exemplo, depois do expediente de
atendimentos clínicos, cada um tem a sua vida e a grande questão é saber lidar
com tudo o que se ouve e se escuta dentro do consultório, pois a experiência é
incrivelmente única: ter acesso aos pensamentos, sentimentos, crenças, desejos
de várias pessoas e utilizar o conteúdo que ali aparece para que o sujeito
possa se autoconhecer e encontrar seu caminho. Tendo acesso a todo este
conteúdo e, ao mesmo tempo, tendo o contrato de sigilo com o paciente (que diz
que tudo o que for dito permanecerá em sigilo), a experiência é a de vivenciar
mil vidas em um dia – por compartilhar da vida secreta do outro – e,
simultaneamente, estar sempre sozinho e silente sobre o que se escuta.
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