Os livros de autoajuda deturpam os conhecimentos das ciências
humanas, difundem chavões da "psicologia pop" e são nocivos, porque
induzem seus leitores a dramatizar problemas, simplificam conflitos e soluções,
criam dependência emocional e servem apenas para enriquecer seus autores, que
se preocupam só com a autopromoção e os lucros.
As acusações são
do neuropsicólogo Paul Pearsall, que mora em Honolulu (Havaí), autor do
bombástico "O Seu Último Livro de Auto-Ajuda".
O título sarcástico reflete o conteúdo da obra, que ataca os principais gurus
do gênero de autoajuda.
Para Pearsall, é
um exagero afirmar que a humanidade vive uma crise de baixo autoestima. Na sua
avaliação, a vida sempre foi repleta de dificuldades, de desafios, e os homens
devem encarar isso com normalidade, como fizeram seus ancestrais. Nada de se
fragilizar e ficar adotando rituais recomendados por best-sellers de autoajuda.
"Não se
esqueça de que a autoajuda é um negócio. Autores e editores querem que você
compre, leia, convença-se do que leu e compre novamente. Isto não quer dizer
que seus livros não têm valor, mas apenas que devemos abordá-los como
consumidores cautelosos, realizando uma compra, e não como pacientes
contratando um terapeuta virtual", escreve o professor da Universidade do
Havaí.
Ao longo da obra, o autor vai questionar as principais premissas
dos livros de autoajuda, mostrando inconsistências nos argumentos dos
principais escritores do gênero. Para Pearsall, é um erro demonizar o medo e a
culpa, como fazem essas obras. Na sua opinião, o ser humano precisa conhecer
seus limites, assumir suas responsabilidades, ou então o mundo vira uma
barbárie.
"Um
pessimismo levemente defensivo cai bem na construção da vida boa. Raramente
você ficará desapontado e, às vezes, agradavelmente surpreso. A menos que seja
do seu perfil tentar sempre pensar positivamente, o esforço é estressante,
exaustivo e restritivo", defende o autor de "O Seu Último Livro de Auto-Ajuda".
Um dos capítulos
mais interessantes fala sobre a obsessão do homem de fugir dos estereótipos da
velhice, em vez de aceitar o processo natural de envelhecimento e ver as
vantagens de ter mais experiência acumulada e sabedoria. O autor teve câncer e
conta que a quimioterapia o fez perder cabelo, "A morte é uma invenção da
mente", sustenta Pearsall.
Leia mais: Livraria da Folha
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