sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Autoajuda deturpa Psicologia, difunde chavões e prejudica adeptos, diz autor

Os livros de autoajuda deturpam os conhecimentos das ciências humanas, difundem chavões da "psicologia pop" e são nocivos, porque induzem seus leitores a dramatizar problemas, simplificam conflitos e soluções, criam dependência emocional e servem apenas para enriquecer seus autores, que se preocupam só com a autopromoção e os lucros.


As acusações são do neuropsicólogo Paul Pearsall, que mora em Honolulu (Havaí), autor do bombástico "O Seu Último Livro de Auto-Ajuda". O título sarcástico reflete o conteúdo da obra, que ataca os principais gurus do gênero de autoajuda.

Para Pearsall, é um exagero afirmar que a humanidade vive uma crise de baixo autoestima. Na sua avaliação, a vida sempre foi repleta de dificuldades, de desafios, e os homens devem encarar isso com normalidade, como fizeram seus ancestrais. Nada de se fragilizar e ficar adotando rituais recomendados por best-sellers de autoajuda.

"Não se esqueça de que a autoajuda é um negócio. Autores e editores querem que você compre, leia, convença-se do que leu e compre novamente. Isto não quer dizer que seus livros não têm valor, mas apenas que devemos abordá-los como consumidores cautelosos, realizando uma compra, e não como pacientes contratando um terapeuta virtual", escreve o professor da Universidade do Havaí.
Ao longo da obra, o autor vai questionar as principais premissas dos livros de autoajuda, mostrando inconsistências nos argumentos dos principais escritores do gênero. Para Pearsall, é um erro demonizar o medo e a culpa, como fazem essas obras. Na sua opinião, o ser humano precisa conhecer seus limites, assumir suas responsabilidades, ou então o mundo vira uma barbárie.

"Um pessimismo levemente defensivo cai bem na construção da vida boa. Raramente você ficará desapontado e, às vezes, agradavelmente surpreso. A menos que seja do seu perfil tentar sempre pensar positivamente, o esforço é estressante, exaustivo e restritivo", defende o autor de "O Seu Último Livro de Auto-Ajuda".

Um dos capítulos mais interessantes fala sobre a obsessão do homem de fugir dos estereótipos da velhice, em vez de aceitar o processo natural de envelhecimento e ver as vantagens de ter mais experiência acumulada e sabedoria. O autor teve câncer e conta que a quimioterapia o fez perder cabelo, "A morte é uma invenção da mente", sustenta Pearsall.

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