Pessoas que foram vítimas de violência na
infância ou na adolescência têm, pelo menos, duas vezes mais chances de se
tornarem viciadas em drogas ou álcool no futuro. A conclusão faz parte do
segundo Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad) da Universidade
Federal de São Paulo (Unifesp). O estudo revela que nada menos que 21,7% da
população brasileira relatam ter sofrido algum tipo de abuso quando criança.
Entre os alcoólatras, esse percentual sobe para 45,7%. Já no grupo dos que se
declararam consumidores de maconha o índice alcança 47,5%, chegando a 52% entre
os usuários contumazes de cocaína.
Apesar de o estudo não permitir a separação por tipos específicos de abusos,
dada a dimensão da amostra — 4.067 pessoas ouvidas em 149 municípios
brasileiros —, a sua coordenadora, Clarice Sandi Madruga, acredita que as
vítimas infantis de violência sexual, particularmente, têm chances ainda
maiores de derivar em adultos dependentes.
— A violência sexual pode aumentar em
até quatro vezes a chance (de a pessoa se tornar viciada). É o tipo de abuso
que mais causa risco — sustenta.
A pesquisa foi levada a cargo pelo
Instituto Nacional de Políticas Públicas de Álcool e Outras Drogas (Inpad) da
Unifesp e indicou que 5,3% dos pesquisados disseram ter sofrido violência
sexual. Clarice Sando Madruga destaca que as pessoas que foram abusadas acabam
ainda tendo mais problemas para se livrar do vício:
— O abuso sexual é o mais irreversível.
Existem estudos que acompanham a pessoa no decorrer da vida e constatam que é
muito mais difícil deixar de sofrer um impacto permanente.
A relação entre
violência e uso de drogas também varia de homens para mulheres. Os dados
mostram que 56,5% das mulheres que sofrem com alcoolismo relataram ter sofrido
alguma violência na juventude. Entre os alcoólicos do sexo masculino, o
percentual é de 42,1%. Quando a pesquisa se volta para os viciados em cocaína,
os percentuais se invertem. Entre os homens, 55% relataram ter sofrido
agressões; entre as mulheres, 37%. No caso dos usuários de maconha, 50% dos
homens afirmaram na pesquisa que sofreram violência na infância ou na
adolescência, contra 29% das mulheres.
Leia mais: O Globo
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