A alienação parental é um fenômeno cada vez mais
reconhecido entre profissionais dos meios jurídicos e psicossociais. O termo
foi cunhado pela primeira vez por Gardner (1985), referindo se à situação em
que um genitor faz alterar a percepção que a criança tem sobre o outro genitor,
objetivando afastá-los. Isso acontece em geral após a separação conjugal e como
forma de vingança do ex-companheiro, seja por ter sido abandonado, traído ou se
frustrado em relação à vida conjugal.
Diante das graves consequências de tais práticas para
o pleno desenvolvimento da criança e visando esclarecer o fenômeno entre as
famílias, foi lançado em 2009 o vídeo “A morte inventada”. Trata-se de um longa-metragem
elaborado sob o formato de documentário, que traz depoimentos de pais, filhos e
profissionais envolvidos com o tema.
O título faz referência a um crime intencional e a
ideia é reiteradamente mencionada ao longo do vídeo, quando os depoentes
alinham o conceito de alienação parental a “matar a imagem do outro dentro de
alguém”. A denominação dada pelo diretor tem sido considerada muito adequada -
tamanha a gravidade do fenômeno.
Nesse ponto, é mister diferenciar os dois termos
comumente confundidos: segundo Darnall (1999), enquanto a alienação parental
refere-se ao processo de afastamento empreendido pelo genitor; a síndrome de
alienação parental diz respeito às consequências emocionais e comportamentais
apresentadas pela criança vítima do processo.
O tema do documentário não poderia ser mais pertinente,
já que questões envolvendo relações conjugais e parentais têm sido recorrentes
nos noticiários nacionais, como a guarda compartilhada, a Nova Lei do Divórcio
e o próprio projeto de lei que objetiva regular a atuação dos genitores em
relação à Síndrome da Alienação Parental. Assim, percebe-se que os conflitos familiares
estão, cada vez mais, extrapolando o limite do privado e alcançando determinações
judiciais. E isso porque, na grande maioria das vezes, a sociedade recorre ao
Judiciário em função da inabilidade para resolver os próprios conflitos ou da
impossibilidade de se chegar a arranjos consensuais.
Foi a partir da vivência dessa situação que o diretor
Alan Minas sentiu-se impulsionado a criar o documentário.
No documentário, a articulação entre a teoria sobre
a síndrome, explicada pelos profissionais, e a prática vivenciada pelas famílias
depoentes é feita de forma coerente e bem estruturada. Para auxiliar essa conexão,
o diretor faz uso de um recurso ficcional, em que durante a narração do texto,
redigido e realizada por ele próprio, são apresentadas imagens de ambientes vazios,
ainda que em funcionamento, como parque infantil, praia, jardim e labirinto de
concreto, o que imprime um tom melancólico e solitário à produção, sentimento
muito próximo daquele vivenciado pelos pais vítimas de alienação parental.
ACESSE: DOCUMENTÁRIO COMPLETO
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