“Todo casal se desentende de
vez de em quando. Você pode estar em um dia difícil e qualquer discordância já
se torna motivo para uma discussão com o parceiro. Mas atenção: evite brigar na
frente do seu filho.”
Todo
casal se desentende de vez de em quando. Você pode estar em um dia difícil e
qualquer discordância já se torna motivo para uma discussão com o parceiro. Mas
atenção: evite brigar na frente do seu filho. Até os 7 anos, principalmente,
ele ainda não terá domínio total da linguagem – o vocabulário é restrito e
dificulta que compreenda o que está acontecendo na família. No momento do
conflito, pode ser que os pais troquem respostas ríspidas e riam com ironia.
Isso fará com que a criança fique confusa e, mesmo sem entender o contexto,
absorva a hostilidade e a tensão do ambiente.

Se
as brigas forem frequentes ou, mesmo raras, envolverem ameaças e violência
física e verbal, seu filho ficará em estado constante de insegurança. “Por
empatia, ele vai se envolver e chorar junto com os adultos, apesar de não compreender
a briga”, explica a especialista. E tem mais: até 5 anos, é comum que a criança
seja egocêntrica e se sinta responsável por tudo o que acontece ao redor dela.
Certamente, observará a briga dos pais e imaginará que é a culpada – achará que
fez algo de errado ou que os decepcionou de alguma forma. Também é provável que
fique ansiosa e mais introvertida em ambientes estranhos. “Terá medo de se
envolver em conversas, pensando que tudo terminará em conflito”, esclarece
Patrícia Bader Santos, psicóloga do Hospital São Luiz (SP). Sem contar a
questão do exemplo: você é a referência de comportamento do seu filho. Caso
resolva todos os problemas por meio de brigas, ele vai seguir a mesma conduta
na escola ou na vizinhança.
E
se o casal cometer um deslize e deixar escapar uma discussão na frente da
criança? Após 7 anos, o aparelho cognitivo já estará mais amadurecido e ela
terá competência intelectual para entender a questão da temporalidade. Saberá
que os adultos farão as pazes em breve. Você pode reforçar isso e dizer que
“Daqui a pouco, passa. Você também já brigou com seus amigos e continua
gostando deles do mesmo jeito, certo?”. Para as mais novas, é importante
enfatizar exatamente isso: uma discussão não mudará os laços de amor que
existem entre o casal. Elas vão ficar inseguras e ansiosas por não saberem o
que fazer para trazer a harmonia de volta. “Uma boa dica é dar uma ocupação
prática aos filhos e dizer como eles podem ajudar”, explica Calegari. Sugira,
por exemplo, que assistam a um filme enquanto você descansa. Ou que brinquem
sozinhos por um determinado período, até que esteja disposto novamente.
Tome
cuidado para não falar mal de seu parceiro para a criança. É comum que, após a
briga, o pai e a mãe tentem ganhar o apoio dela. “Não é aconselhado desabafar
na frente do filho, na infância. Ele ainda não dá conta das próprias angústias,
que dirá da dos adultos”, afirma Calegari. Também jamais discuta sobre a
educação infantil diante deles. Até 10 anos, a criança sente que os pais estão
desestruturados e não consegue entender o motivo das divergências. Portanto,
tente combinar previamente qual será a conduta diante de uma desobediência
dela, por exemplo. Discordou de algo que seu parceiro fez? Manifeste isso só
quando estiverem a sós.
Quando a
discussão é boa:
A
família pode muito bem vivenciar um debate com a presença (e a participação)
das crianças. Diferentemente de uma briga, esse tipo de conversa ocorre quando
cada um tem uma opinião diferente sobre o assunto – e consegue manifestá-la sem
agressões. Vocês podem conversar sobre qual será o destino da próxima viagem,
por exemplo. Cada um apresenta seus argumentos e, sem briga, chega-se a um
consenso. “É uma boa forma de estimular a criança a ter senso crítico e a
respeitar visões diferentes da dela. Ela perceberá que discordar não é sinônimo
de desamor”, conclui a psicóloga Patrícia Bader.
Fonte: Revista Crescer
Nenhum comentário:
Postar um comentário