1ª . Identifique
o porquê de você querer perder peso.
Porque você
quer emagrecer? Você quer ser aceito pelos outros? Não ser reprovado no exame
médico da empresa? Conseguir uma namorada?
Sem não
tiver o motivo certo, sinto muito, mas você não vai emagrecer. Ao contrário do
que se pensa, arrumar namorado, fazer bonito na balada, ser aceito no trabalho,
agradar o pai, nada disso não são bons motivos para emagrecer.
O que fazer: Escreva o seu motivo numa folha de papel,
identifique cada aspecto envolvido nesse motivo. Mas seja honesto, não vá
colocar só o que você acha que é bonito de dizer sem realmente acreditar na
coisa. Identifique tudo o que você pensa que pode ganhar emagrecendo. Avalie se
são motivos justos.
2ª . Avalie seu
comprometimento à meta de emagrecer.
Você é do
tipo que só se entrega a alguma tarefa se ela for fácil, se não der muito
trabalho? Ou você tem capacidade de se esforçar por alguma coisa que sabe que
vai valer a pena? Você sabe avaliar quando alguma coisa vale o seu esforço?
Sabe reconhecer agora o quanto você vai ganhar, e sabe usar isso pra te motivar
a suar um pouco a camisa?
O que fazer: Anotar todas as situações nas quais você se
dedicou, se esforçou. Valeu a pena? Quando não topou o esforço, o trabalho, que
coisas você perdeu, que coisas deixou de conquistar? Valeu a pena ter perdido
estas coisas porque não quis se esforçar?
3ª . Você
quer emagrecer ou espera que o outro o emagreça?
Muitas
pessoas consideram muito mais confortável ingerir um remédio para emagrecer ou
fazer uma cirurgia. Essa é a postura dos que esperam ser “emagrecidos” por
fatores externos. Pode até dar resultado, mas não vai se manter por muito
tempo, e a conquista não é sua, então não está nas suas mãos manter o ganho, ou
seja você pode voltar a engordar sem mesmo entender o porque. Na realidade com
este modo de funcionar você está entregando o seu controle para longe de você,
para os outros. Todo mundo que emagreceu assim já sabe no que deu. Dali a pouco
está de novo na mesma, ou até pior.
O que fazer: Conscientizar-se que se você for o agente de
sua mudança vai ser muito mais gratificante, pois assim você percebe que você
pode contar com você mesmo. Se emagrecer dependeu de você, manter-se magro
também vai depender, e como você sempre pode contar com você mesmo está
garantido o sucesso.
4ª. Avalie
o ganho secundário.
Será que tem
alguma vantagem em permanecer acima do peso? Parece uma pergunta estapafúrdia,
não? Mas não é não. Muitas vezes inconscientemente tem algo de bom em ser
gordo, como por exemplo, o papel de vítima, as outras pessoas ficam dó de você,
e no fundo você gosta disso. Será que a sensação de que tem alguém “cuidando de
você” dando dicas, fazendo comidas especiais pra você, e assim demonstram o
quanto você é importante, e isso vale tão a pena que te impede de emagrecer.
Ou será que
ser gordo não está justificando outras dificuldades, como por exemplo, a
dificuldade em paquerar, assim você usa a desculpa da gordura para não
“precisar” de paquerar, enfim, é um ótimo pretexto para que ninguém se
interesse por você.
Ou a comida
pode estar servindo como o único agrado que você está conseguindo proporcionar
a você mesmo. Sendo assim, ta triste, come, está nervoso, come, levou bronca do
chefe, come, e aí você não vai querer abrir mão deste agrado.
O que fazer: Escreva tudo o que lhe vem à mente quanto aos
possíveis ganhos por estar acima do peso. Não censurar estes pensamentos. Após
isso faça uma avaliação sincera e encontre outras formas de ter estes ganhos, a
atenção e reconhecimento das pessoas por exemplo. Encontre outras formas de ter
satisfação na vida. Não dependa da comida para ter um pretexto para não se
colocar no mundo, corra riscos e veja como pode valer a pena.
5ª. A comida
alivia a sua ansiedade?
Ingerir
alimentos pode significar, inconscientemente, controle. Todo ser humano
necessita sentir que está no controle. Quando está inseguro, fica ansioso e cai
na comilança como válvula de escape. A sensação de controle te dá
tranqüilidade. Quando ansioso a gente procura alguma coisa pra confortar, e
nada melhor do que a sensação de estar se abastecendo, de estar colocando algo
saboroso na boca, está se agradando e... controlando a situação.
O que
fazer: Não permita
que haja falta de controle sobre sua própria vida. Vamos trabalhar e ver em
quais áreas você está sendo refém dos outros. Este é um ponto onde meus
pacientes gostam muito de ver os resultados. Não ser refém, não se deixar ser
levado pelo mau humor do outro, pela maldade do outro. Mas, veja bem, muito
importante tb que não seja você este controlador.
6ª. Avalie
auto aceitação.
Antes de
começar a emagrecer é importante que você se aceite como está hoje, acima do
peso. Por quê? Porque é impossível mudar uma coisa que você nem aceita que
existe. Enquanto houver negação do problema não vamos conseguir olhar o
suficiente pra ele e nem vamos conseguir fazer alguma coisa para eliminar esse
problema. Mas vejam bem, aceitar é diferente de gostar ou concordar,
aceitar é parar de brigar com a gordura. É reconhecer que ela existe e você não
vai brigar mais com ela, você vai fazer coisas boas para sua saúde, a
conseqüência vai ser se despedir da gordura.
O que
fazer: Aceitar o
próprio do corpo como ele está agora, não negar (evitar olhar no espelho) nem
exagerar (se chamar de balofa por exemplo). Parar de brigar com este corpo é
necessário para se ter paz de espírito suficiente para ser eficiente ao fazer
algo por ele. Se você está “de mal” com seu corpo você não concordará em fazer
algo de bom por ele. Então fique de bem com esse corpo.
7ª . Entender
porque deixar de comer não emagrece.
O corpo tem
um sistema de alerta contra os perigos. Quando a pessoa deixa de ingerir comida
o seu cérebro entende como “dificuldades em obter alimentos” e para sua auto
preservação passa a reduzir o metabolismo como uma forma de economizar as
energias, e por isso não queima de forma eficiente as gorduras excedentes. Ou
seja você não emagrece ficando sem comer. E tem também outro fator, quando você
fica sem comer por várias horas, a compensação desse período vai além do
proporcional à necessidade do alimento. É como se o seu cérebro recebesse a
seguinte mensagem “A coisa está feia lá fora, quando aparecer comida, coma o
máximo que puder, porque não se sabe quando vai ter comida de novo”, e aí você
come muito além do necessário. Mas a ingestão de comida em grande quantidade
não é tão eficiente em termos nutricionais, pois seu organismo, quando
sobrecarregado de comida, não consegue sintetizar os nutrientes de forma
eficiente. Ou seja, você desperdiça o valor nutritivo da refeição, e só acumula
gordura.
O que fazer: Não ficar mais de duas horas sem se
alimentar. Nutricionistas, médicos dizem isso a toda hora. Você só não sabia porque
devia fazer assim.
8ª . Porque o
paladar é algo tão agradável.
O homem
primitivo precisou do paladar mais sensível para identificar os alimentos que
não são bons como os venenosos, os estragados, etc, como também para ingerir
fontes mais ricas de caloria. Num período onde conseguir comida era algo muito
trabalhoso e corria-se o risco de ficar vários dias sem comida, ter alimentos
ricos em energia era fundamental. Por isso não é coincidência que os alimentos
que mais atraem ao paladar são os doces e os gordurosos, ou seja os
extremamente calóricos. Talvez daí venha a frase “tudo o que é bom engorda”. Ou
seja nosso corpo ainda está adaptado a outra era, ainda não nos adaptamos a
esta fartura e facilidade de acesso a comida, o resultado disso é gordura.
O que fazer: Habituar-se a ingerir comidas com sabor mais
delicados, mais suave, sem muito tempero. Porque assim você vai descondicionar
alimentação da busca de prazer.
Virão como é
importante você saber como a coisa funciona pra você conseguir mudar o que não
está funcionando bem, aposto como você está super animado pra emagrecer agora.
9ª . Porque
o mais gostoso nem sempre é o mais saudável.
A industria
moderna se aproveita desse nosso paladar ávido por sabores e incrementa suas
vendas intensificando o sabor dos alimentos com temperos extras e químicas
específicas. Sem falar do excesso de gordura nas frituras e açúcar nos doces,
que claro atraem ao paladar mas estão além das nossas necessidades energéticas.
Colocando muito sabor em alimentos pobres em nutrientes, e conseqüentemente
mais baratos, a industria consegue vender, e lucrar, colocando dentro da sua
casa alimentos que são totalmente inúteis. Já ouviram a frase “é impossível
come um só”, é claro que é impossível, colocaram aquela química que desperta
seu cérebro a comer muito mais além do necessário, e lá vai você dando lucro
pra industria do fast food.
O que fazer: Habituar-se a ingerir alimentos com maior
valor nutritivo, como as frutas, verduras, legumes, carnes magras, peixes, etc.
E treinar o paladar a encontrar satisfação no sabor natural dos alimentos, para
que assim você considere suficiente o açúcar e gordura nas quantidades
originais das carnes, frutas, etc, sem tanto tempero extra.
10ª . Porque
comemos além do necessário.
Nossos
corpos são regulados por um “ponto de ajuste” que te ajuda comer menos quando a
comida escasseia, pois você sente menos fome. Mas vai ficar mais esfomeado
quando tem abundância de comida. Isto é uma forma do corpo estocar calorias
para o futuro, e este estoque é feito em forma de gordura. Durante a era
primitiva havia muitos períodos de escassez, a refeição seguinte dependia de
uma caçada e não de uma corrida a geladeira. Esse sistema de regulagem permitia
que o indivíduo fizesse depósitos nos momentos de abundância para que pudessem
ser usados quando faltasse comida. Hoje como o acesso a comida é muito fácil,
sempre temos um estoque em casa, se estamos na rua há uma lanchonete ou um
mercado em cada esquina. Os sinais de ajuste não se adaptaram a essa nova
realidade e geram um grande problema, o consumo desenfreado, o excesso de peso,
os problemas de saúde relacionados à obesidade.
O que fazer: Fazer “regime” na geladeira. Não manter
estoque desnecessário de alimentos. Não ter em casa coisas que são
desnecessárias e não nutritivas.
11ª. Porque temos
comida predileta e desejo por alimentos específicos.
Seu corpo
está provido de um sistema de alarme ao alimento que era familiar, o que já é
conhecido e sabe-se que é bom. Isto também é uma herança de nosso processo
evolutivo. O homem primitivo tinha muita dificuldade em identificar qual
alimento era saboroso ou saudável, assim seria muito importante repetir aquele
que já foi provado e aprovado. A procura por esse alimento, já testado e
considerado bom, surge na forma de desejo por alimentos específicos.
O que fazer: Resistir à esses impulsos. Ingerir outro
alimento no lugar daquele desejado. Treinar flexibilização dos hábitos
alimentares. Se não der pra resistir comer uma porção pequena, mas não sofrer
demais se abstendo de determinada coisa, pois você pode supercompensar e cair
de boca, exageradamente, e jogar o regime pro alto.
12ª. Fator
Cognitivo 1 : Pensamentos automáticos que te empurra ou autorizam a comer além
do necessário.
Todo
comportamento é motivado por um pensamento. Você só tem atitudes que sua cabeça
o levou a ter. Mesmo que estes pensamentos não sejam conscientes, eles podem
ser automáticos, ou seja você não se deu conta deles, mas eles existem. Por
exemplo, porque você lava a maça toda vez que vai come-la? Porque passa pela
sua mente um pensamento automático, baseado em um aprendizado anterior, que diz
que toda fruta tem que ser lavada. Mesmo que você não perceba que está pensando
isso, essa idéia está na sua mente. Isso é pensamento automático. Pensamentos
automáticos coordenam todas nossas ações, inclusive a alimentação. Portanto
toda vez que você comeu algo, foi sua cabeça que te fez comer aquilo.
Todo
alimento que ingerimos além do necessário, ou seja aquele que vai ser
armazenado em forma de gordura, foi ingerido porque autorizamos, ou seja passou
coisas em nossa cabeça que te permitiram, ou até te impeliram a comer.
O que fazer: Em primeiro lugar treinar-se para que os
pensamentos saiam do automático e você passe a ter consciência do que te levam
a comer. Para isso existe o formulário RPD, Registro de Pensamentos
Disfuncionais. Nele vamos anotar tudo o que te passa na cabeça imediatamente
antes de ingerir qualquer alimento, como por exemplo: “Já que emagreci um quilo
posso comer um doce a mais hoje”, “Como caminhei ontem estou com crédito para
comer um pouco mais hoje”, “Fulano me deixou nervoso, preciso de comer senão
estouro”, etc
Num segundo
momento vamos elaborar novas formas mais funcionais de pensar, para combater a
comilança desnecessária.
13ª. Fator
Cognitivo 2: Pensamentos automáticos que impedem o emagrecimento.
Pensamentos
disfuncionais como: “Emagrecer me trará prejuízos pq vou ter que comprar outras
roupas”, “Tenho roupas tão bonitas que dá dó não poder usa-las mais”, “Ir a um
rodízio e comer pouco é desperdício”, “Pra que começar regime hoje,
começo amanhã”, “Ontem eu achei que queria emagrecer, mas pensando bem
não estou tão gordo assim”, “Pra que emagrecer se não vou a lugar nenhum?”,
“Porções pequenas são coisas de gente pão dura”, “Quem me recebe com pouca
comida é porque não gosta de mim”. Tudo isso são pensamentos que boicotam seu
regime.
Muitas vezes
o hábito de comer demais vem da cultura familiar, como por exemplo, a crença de
que gordura significa saúde, ou a crença de se não come é porque não está
feliz, a crença de que gordo é bonito, gordura significa fartura, sucesso na
vida, etc. Mudar estas crenças é algo que parece fácil num primeiro momento,
mas tem que arrancar todas as raízes, senão nada muda.
O que fazer: RPD – Registro de pensamentos disfuncionais.
Elaborar novas formas mais funcionais de pensar. Na psicoterapia o psicólogo
faz isso junto com o paciente, conforme os pensamentos que passam na sua
cabeça.
14ª - O que
os hábitos, a rotina do dia a dia, tem a ver com emagrecer?
Comer é um
habito, e hábitos podem ser mudados. Mudar hábitos de forma geral, todos, mesmo
os não relacionados à comida desenvolvem flexibilidade mental e desconecta
comida de prazer, de passatempo, de atividade social, etc. Quando você se torna
uma pessoa mais flexível você se permite mudar até seu hábito alimentar.
O que fazer: A cada dia fazer algo diferente, algo que não
faz parte da sua rotina.
15ª. Comer
é vicio?
Como todos
os vícios comer trás satisfação em curto prazo e dor e arrependimento a longo
prazo. O que define um vicio é: A satisfação provocada pelo agente viciante; A
necessidade de doses cada vez mais fortes para se obter o mesmo efeito e: A
síndrome de abstinência quando se retira este agente. Sendo assim podemos
considerar vicio tanto o cigarro, a bebida, a droga, como o comer compulsivo.
O que fazer: Controle dos impulsos. Auto-instrução.
Mudança de rotina para descondicionar o cérebro. Reestruturação Cognitiva.
Você percebe
que pra emagrecer você tem que mudar seu relacionamento com a comida. Você tem
que mudar a sua cabeça com relação à comida. Todo magro tem uma relação
saudável com a comida, nunca é de dependência ou de compulsão. O que te faz
comer não é teu estomago, é sua cabeça. O que te faz comer além do necessário e
te deixa gorda é uma cabeça disfuncional. Consertando essa cabeça, se
condicionando a novas atitudes diante da comida, você vai emagrecer.
Fonte: Clínica de Psicologia
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