É fundamental para o processo de tratamento ter
consciência de que se está doente. Serve para todas as doenças. E serve para
todos os tratamentos. Como pode alguém tratar se não se der conta dos sinais
de que algo de diferente está a acontecer em si, consigo?
Na doença mental, a doença que evitamos a todo o custo dizer o nome substituindo-o por sei lá quantos outros, nem sempre é fácil, possível, detectar os sinais /sintomas. O próprio não se dá conta da mudança que aos poucos ocorre em si ou, então, não a valoriza. Os próximos só numa fase em que a sintomatologia é por demais evidente se apercebem da doença. E até mesmo os profissionais, por vezes, desvalorizam a “queixa” do paciente e /ou familiar.
Mesmo quando existe sofrimento psíquico este é, muitas vezes, desvalorizado pelo próprio. Pois quem não sofre? Pois não temos todos que de certa forma “expiar” as nossas culpas? Sofrer e aguentar é o lema dos “fortes”. Não! Ser forte é poder dizer: - eu não estou bem… eu estou doente… não sei o que tenho, mas há coisas em mim que me impedem de… Quando isto acontece significa que existe uma consciência de si, uma capacidade de se olhar e escutar.
No entanto na doença mental existem situações em que a pessoa por não se dar conta do seu sofrimento, das alterações do seu pensamento e comportamento, não tem consciência de que adoeceu. Nestes casos a pessoa não vai poder querer tratar-se porque se julga “bem”. Este é um dos grandes dramas das pessoas que sofrem de determinadas doenças mentais. Recusarem o tratamento por negarem a sua doença.
Isabel Moura-Carvalho
Nenhum comentário:
Postar um comentário