O psiquiatra Esdras Cabus explica, em entrevista ao Bahia Notícias, que a doença tem sintomas parecidos com o quadro de depressão normal. “A mulher pode ter pensamentos pessimistas, que envolvem que o mundo não é legal para si ou para a criança”, afirma. Quando os sintomas sentidos pelas mulheres depois da gravidez são mais agravantes, com distorções da realidade, delírios, sensação de perseguição e comportamentos violentos, semelhantes ao da americana, o diagnóstico mais próximo é o da psicose pós-parto. “Diferente da depressão, que pode atingir cerca 10% das grávidas, a psicose é mais rara: costuma acontecer em um a cada mil partos”, informa Cabus.
Segundo o psiquiatra, o quadro psicótico é mais frequente nas primeiras gestações. “É importante não criar um estigma em torno de pessoas com depressão pós-parto. A conduta violenta ou um delírio só ocorrem dentro um quadro emocional mais grave, em que a mulher tem uma reação violenta após sentir muita raiva”, atenta. A depressão ou a psicose são diferentes da chamada melancolia ou blues pós-parto, que atinge 50% da mulheres e é autolimitado: costuma se resolver nos 10 primeiros dias. De acordo com o psiquiatra, as variações hormonais sentidas pelas gestantes não são confirmadas como causas dos transtornos, mas se supõe que as mulheres grávidas estão mais suscetíveis à doença mental. “Na gestação, as mulheres tem maior frequência de depressão.
Os sintomas mentais de ansiedade e depressão costumam acontecer nos primeiros três a seis meses”, explica o médico. De acordo com Cabus, alguns elementos podem aumentar a predisposição para as doenças, como o histórico de bipolar ou de depressão antes da gestação. O tratamento do transtorno é semelhante ao da depressão comum e é indicado o uso de antidepressivos. Já aos pacientes com quadro de delírio, é recomendado também antipsicóticos. “Terapia ajuda no tratamento, mas sozinha não funciona”, alerta o especialista.
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