segunda-feira, 9 de abril de 2012

A Ritalina Não Deu Certo

Esta é uma tradução do artigo Ritalin Gone Wrong [1], publicado no jornal The New York Times em 28 de janeiro de 2012. Ela foi realizada e gentilmente concedida ao Comporte-se pelo Prof. Dr. Roosevelt Starling. Escrito por Alan Sroufe, professor emérito de Psicologia no Instituto de Desenvolvimento Infantil da Universidade de Minnessota - USA,
Três milhões de crianças neste país tomam drogas para problemas de concentração. No fim do no passado, muitos pais ficaram alarmados porque houve uma escassez de drogas como a Ritalina e o Aderall, as quais eles consideram absolutamente essenciais para o funcionamento dos seus filhos. Mas essas drogas estão mesmo ajudando as crianças? Devemos mesmo expandir o número de receitas para elas? 

Em trinta anos o consumo de drogas para o Transtorno de Déficit de Atenção (TDA) aumentou 20 vezes. Na qualidade de um psicólogo que vem estudando o desenvolvimento de crianças com problemas por mais de 40 anos, penso que deveríamos estar nos perguntando porque confiamos tanto nessas drogas. 

Drogas para déficits de atenção aumentam a concentração no curto prazo e é por isso que elas funcionam tão bem para estudantes apertados com provas escolares. Mas quando administradas às crianças por longos períodos de tempo, elas não melhoram o desempenho escolar nem reduzem problemas de comportamento. Elas também têm efeitos colaterais sérios, incluindo a perturbação do crescimento. 

Infelizmente, poucos médicos e pais parecem estar cientes do que temos aprendido sobre a ineficácia dessas drogas. O que se publica são resultados de curto-prazo e estudos sobre diferenças no cérebro entre crianças. Na verdade, existe um número de fatos incontroversos que parecem, numa primeira impressão, dar suporte à medicação e é por causa dessa fundamentação parcial na realidade que o problema com a atual abordagem ao tratamento de crianças tem sido tão difícil de ser percebido. 

Em 1973, fiz uma revisão da literatura sobre o tratamento farmacológico de crianças para o The New England Journal of Medicine. Dúzias de estudos bem controlados mostraram que estas drogas melhoravam imediatamente o desempenho das crianças em tarefas repetitivas que demandavam concentração e atenção. Eu mesmo conduzi alguns desses estudos. Professores e pais também relatavam uma melhora no comportamento em praticamente  todos os estudos de curto prazo. Isso estimulou um aumento no tratamento através de drogas e levou muitos a concluir que a hipótese do “déficit-cerebral” havia sido confirmada. 

Mas perguntas continuaram a serem feitas, especialmente no que diz respeito ao mecanismo de ação da droga e a durabilidade dos efeitos. Ritalina e Aderall, uma combinação de dextroanfetamina e anfetamina são estimulantes. Então, por que elas aparentemente acalmavam as crianças? 

Alguns especialistas argumentavam que, em virtude dos cérebros das crianças com problemas de atenção serem diferentes, as drogas tinham um misterioso efeito paradoxal nelas. Contudo, não havia na verdade paradoxo algum. Versões dessas drogas haviam sido ministradas aos operadores de radar na Segunda Guerra Mundial, para ajuda-los a permanecer acordados e concentrados em tarefas enfadonhas e repetitivas. 
Texto completo em: Comporte-se
O texto original, em inglês, pode ser acessado no site do Jornal The New York Times, neste link.

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