 Há uma área de pesquisa em psicologia que se  chama “correspondência entre o fazer e o dizer”, que investiga as variáveis  relacionadas ao que se pode chamar de “dizer a verdade” ou “contar mentira”.  Estudos (Paniagua, 1989; Lima, 2004) têm investigado situações geradoras da  apresentação de relato coerente (verdade) ou relato incoerente (mentira). Os  parágrafos a seguir estão baseados numa interpretação dos achados desses  autores.
Há uma área de pesquisa em psicologia que se  chama “correspondência entre o fazer e o dizer”, que investiga as variáveis  relacionadas ao que se pode chamar de “dizer a verdade” ou “contar mentira”.  Estudos (Paniagua, 1989; Lima, 2004) têm investigado situações geradoras da  apresentação de relato coerente (verdade) ou relato incoerente (mentira). Os  parágrafos a seguir estão baseados numa interpretação dos achados desses  autores. Pode-se dizer que há uma dicotomia, que seria  falar a verdade, ou seja, descrever de forma coerente fatos acontecimentos  comportamentos ou contar mentira, que seria apresentar uma afirmação pouco  adequada ou incompatível com o que, de fato, ocorreu. Tanto falar a verdade  quanto contar uma mentira, são comportamentos verbais aprendidos e mantidos  pelas conseqüências que produzem, em primeiro lugar, para aquele que fala.  Assim, se alguém é beneficiado por contar uma mentira, tal comportamento pode  ser aprendido. Se mentir mais vezes trouxer “vantagens”, ele será mantido em  alta freqüência. É importante, ainda, considerar que o comportamento de mentir  pode afastar ou adiar conseqüências desagradáveis, como no exemplo do marido  infiel que insiste em dizer à sua mulher que não cometeu traição. Assim sendo,  mentir também seria aprendido e mantido. 
As crianças mentem com freqüência para seus pais  quando estes costumam repreendê-las pelo que fazem, quando punem deliberadamente  seus relatos sobre o que consideram ser errado ou quando limitam muito as  possibilidades sobre o que as crianças podem fazer. Então, elas mentiriam para  ter a oportunidade de brincar com um coleguinha que não é benquisto pela sua  família, mentiriam sobre ter realizado a tarefa de casa para assistir ao seu  desenho favorito. 
É necessário diferenciar o comportamento de  mentir enquanto relato em desacordo com acontecimentos/ fatos do relato  impreciso sobre algo pela falta de habilidade em descrever. Na mentira, uma  pessoa tem consciência de que (sabe que) sua descrição não é coerente com o que  fez. Por outro lado, uma secretária pode relatar (incoerentemente) ao chefe que  entrou na primeira sala à direita do corredor da empresa e não atendeu à  solicitação dele porque a sala estava fechada. Ela apresenta este relato (que  não é verdadeiro) por não ter aprendido a diferença entre esquerda e direita.  
Você quer que as pessoas digam a verdade?  
Os psicoterapeutas procuram ter, na relação com  seus clientes, uma audiência não-punitiva. Isso significa ouvir e não julgar,  ouvir e não criticar, ouvir e não punir. Tal contexto é que torna possível o  relato do cliente sobre coisas que não seriam ditas nem para os bons amigos.  
Como foi afirmado anteriormente, pode-se mentir  para ter acesso a alguma vantagem ou evitar “mal maior”. Assim sendo, as pessoas  têm maior probabilidade de dizer a verdade diante de contextos em que o que elas  dizem não é julgado, não é criticado, nem punido. Se um pai pune o filho quando  ele relata que assistiu TV quando deveria estudar, é importante observar que ele  puniu o comportamento do filho ter feito o que não devia, mas, puniu  principalmente o comportamento de dizer a verdade. Pense, após ter sido  punido por dizer a verdade, você a diria novamente? 
É claro que nem sempre se pode aceitar a verdade  sem que algum tipo de sanção seja administrada. Mas, se todo relato de alguém  sobre o que fez ou como agiu diante de uma situação passa a ser criticado,  julgado ou o relato passa a ser motivo para uma discussão, é provável que esse  relato não ocorra mais ou que passe a ser um relato que apresente algo  diferente do que ocorreu. Isso vale para qualquer relação interpessoal.  Um amigo continuará dizendo a verdade sobre o que pensa sobre você se ele  sentir-se ouvido. Por isso, dar espaço para as pessoas dizerem o que pensam,  relatarem o que fizeram é um bom caminho seja para um pai ou uma esposa  continuar ouvindo a verdade. 
Outra forma de aumentar a probabilidade do dizer  a verdade em crianças ou adultos é valorizar, enaltecer e gratificar os momentos  em que a verdade é dita. No caso das crianças, pode-se ensiná-las a dizer a  verdade, expondo-as a algumas situações em que sejam acompanhadas e solicitando  que elas relatem o que experienciaram. Elogiar, enaltecer e gratificar relatos  mais próximos da experiência estabelece condição para a aprendizagem do “dizer a  verdade”. 
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