segunda-feira, 19 de março de 2012

Acompanhamento Terapêutico no Contexto Escolar: Primeiras Discussões

Nesse post, primeiro de uma série, vou falar um pouco do tema de minha dissertação do mestrado, ainda em andamento: Acompanhamento Terapêutico no ambiente escolar. No presente texto, abordarei a questão segundo a teoria analítico-comportamental, conceitualizando o acompanhamento terapêutico e escola. (Natalie).

O acompanhamento terapêutico é uma modalidade de atendimento individual, extraconsultório, geralmente realizada por estudantes ou profissionais de psicologia. Consiste em “abrir as portas” do consultório, acompanhando e intervindo nos repertórios do paciente no ambiente onde as contingências naturais que instalam e mantêm o comportamento operam. Tal prática tem suas raízes na Argentina, no final da década de 60, com o movimento antimanicomial, quando os pacientes passaram, progressivamente, a ser acompanhados fora do hospital, em ambientes como comunidades terapêuticas, ou em suas casas (GUERRELHAS, 2007).

No Brasil, tal prática surgiu na década de 70, com o auge da modificação do comportamento, e foi mudando o foco, na medida em que a intervenção comportamental passava a ser voltada para o autoconhecimento, análise funcional e relação terapêutica. Para Guerrelhas (2007), no atual contexto da terapia analítico-comportamental, o modelo clínico pode não ser suficiente para atender a todas as demandas psicológicas e, partindo deste pressuposto, o acompanhamento terapêutico aparece como uma alternativa para esse problema.

Como objeto de pesquisas e de trabalhos na área analítico comportamental, o acompanhamento terapêutico é relativamente recente, surgindo no final da década de 90 e predominantemente voltado para pacientes portadores de transtornos psiquiátricos graves (GUERRELHAS, 2007). Ao longo da última década, no entanto, os trabalhos na área parecem ter se multiplicado e há um livro em particular que gostaria de destacar. A clínica de Portas Abertas: experiências e fundamentação do acompanhamento terapêutico e da prática clínica em ambiente extraconsultório, organizado por Zamignani, Kovac e Vermes, em 2007. O livro fala sobre o histórico e a aplicação do acompanhante terapêutico em diversos casos, que vão desde sua atuação em equipes multidisciplinares até o trabalho com comportamentos pró-estudo.

Apesar do avanço, ainda não encontramos publicação sobre a prática do acompanhante terapêutico no ambiente escolar com um enfoque analítico-comportamental. Infelizmente, não tenho dados que demonstrem a quantidade de acompanhantes terapêuticos que trabalham em escola, mas basta frequentarmos algumas escolas para encontrar pelo menos um acompanhante terapêutico atuando na sala de aula, ajudando o processo de inclusão escolar de uma criança com dificuldades. O mais comum é o acompanhamento de crianças com Transtornos Globais de Desenvolvimento.

Uma prova disso é a seguinte: digite “acompanhamento terapêutico” + “escola” no google acadêmico e você certamente encontrará inúmeros artigos que falam sobre essa prática. A maioria, de ênfase psicanalítica, questionando ou corroborando a função inclusiva desse agente. Não colocarei em foco a discussão exclusão/inclusão nesse primeiro post: pretendo começar trazendo um pouco de minha experiência na área, e a articulando com as idéias de Skinner. Em outro post, pretendo realizar uma reflexão sobre o papel inclusivo desse agente.

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Artigo completo em: http://www.comportese.com/

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