por Erane Paladino e José Toufic Thomé
Em situações de desastres e crimes é necessário considerar o impacto psicológico sobre aqueles que recebem os efeitos indiretos
Pessoas de diferentes cantos do mundo têm assistido, abaladas, às imagens dos efeitos de catástrofes e desastres ocorridos nos últimos anos. Nestes novos tempos de aceleração dos processos de comunicação entre os povos, o mundo globalizado parece menor. O crescimento desordenado da população em várias regiões do planeta tem colaborado de forma decisiva para a ocorrência de tragédias – e para tanto sofrimento. Não à toa, as cenas apresentadas chegam a provocar no público a sensação de estar diante de um espetáculo surrealista. O nível de devastação é tão intenso que se torna quase impossível de ser reconhecido como parte da realidade.
É possível pensar, portanto, que novos paradigmas para a saúde e, especialmente, para a saúde mental, precisam ser considerados quando fenômenos desequilibram de forma trágica e imprevisível a estabilidade emocional, o ambiente e os vínculos afetivos. Indivíduos e comunidades que vivem de forma organizada são assolados por uma inesperada violência geradora de estresse com proporções assustadoras. Basta imaginarmos, mesmo de forma generalizada, um cidadão comum que sofre o impacto de um evento devastador que o leva, em algumas horas, a perder seus entes queridos, sua casa e seus pertences. Seu universo material, físico e emocional sofre um abalo irreversível, pois seu ambiente, sua história e os vínculos construídos ao longo do tempo desaparecem instantânea e inesperadamente.
Para compreender as consequências psíquicas deste processo, voltemos ao conceito de trauma desenvolvido por Sigmund Freud. A palavra refere-se à ideia de ferida ou furo e está associada a um fluxo excessivo de energia mental que acaba por incapacitar o indivíduo de processá-la. A intensidade da experiência, portanto, impede a elaboração de seus conteúdos, provocando vários sintomas. O colapso pode romper as articulações entre os afetos e por esta razão tudo parece perder o sentido em situações traumáticas. Nesse momento nos defrontamos com o indizível e irrepresentável – algo com que a mente não dispõe de recursos para lidar. Em psicanálise, pode-se dizer que esta experiência tão singular remete a sensações primitivas, ligadas ao desamparo angustiante dos primeiros meses após o nascimento.
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