Considerada por Freud uma ilusão contra o desamparo, ela torno-se valiosa. Estudo revela como as crenças interferem em nossa vida e melhoram nossa saúde mental.
Uma pesquisa conduzida em 2007 pelo Datafolha mostrou que apenas 1% da população brasileira não acredita na existência de Deus, 21% não acreditam em vida após a morte e 44% não acreditam em reencarnação. A prevalência de práticas espirituais e religiosas é expressiva; apenas 7,3% da população não tem religião. O conjunto dos dados demográficos justifica a pertinência das psicoterapias em dedicar especial atenção a esse tema.
Apesar disso, reconhecidas abordagens psicoterápicas como o Behaviorismo de Watson, a Psicanálise de Freud e a Terapia CognitivoComportamental de Beck não consideram em seus métodos a espiritualidade e a crença compartilhada pela maioria da população mundial, a sobrevivência após a morte.
Benefícios da Fé
Uma das primeiras discussões sobre religião no âmbito da Psicologia foi trazida por Freud, que a considerou como remédio ilusório contra o desamparo. A crença na vida após a morte estaria embasada no medo da morte, análogo ao medo da castração, e a situação à qual o ego estaria reagindo é a de ser abandonado. Atualmente, a experiência espiritual-religiosa deixou de ser considerada fonte de patologia e, em certas circunstâncias, passou a ser reconhecida como provedora do reequilíbrio e saúde da personalidade.
As teorias sociológicas atuais vêem a crença na vida após a morte como um componente central de muitos sistemas religiosos, fornecendo significado à vida atual com a continuidade na seguinte. Numa amostra nacional de 1.403 americanos, essa fé (ou crença inabalável) esteve positivamente correlacionada à qualidade de vida e especificamente relacionada com menor severidade de seis conjuntos de sintomas (ansiedade, depressão, compulsão, paranóia, fobia e somatização).
Estudos recentemente realizados sobre espiritualidade e religiosidade em amostras específicas (enfermidades graves, depressão e transtornos ansiosos) mostraram pertinência quanto à investigação do impacto dessas práticas na saúde mental e na qualidade de vida. O psiquiatra Alexander Moreira-Almeida revisou os estudos conduzidos nesse campo e revelou que, na maioria deles, níveis mais elevados da participação espiritual/religiosa foram associados a um maior bem-estar e saúde mental.
Fonte: Revista Ciência&Vida Psique. Religião, uma aliada. Ano III nº35.
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