quarta-feira, 3 de junho de 2015

Respeitando um momento de luto: 15 dicas para enlutados e para quem está a sua volta

O luto é um processo normal e que precisa ser vivido para ser superado. Ao longo da minha carreira na clínica e na área da saúde acompanhei inúmeras pessoas em processos de luto. Pessoas que perderam seus pais, cônjuges, filhos, irmão, avós, amigos, bichinhos de estimação, pacientes, etc. E posso afirmar que nenhuma perda é igual a outra, mas sim uma experiência única e puramente individual. Depende da história construída com que se perdeu, dos laços que as envolviam, dos papéis que desempenhavam umas nas vidas das outras, da resiliência de quem sofre a perda e de como tudo aconteceu.

Em minha caminhada vi muitas pessoas terem dificuldades em enfrentar a dura realidade desse momento, como também presenciei outras que, querendo ajudar, acabavam por suprimir no enlutado a expressão emocional do seu luto, aspecto fundamental para a superação.


Assim, como medida preventiva elaborei algumas dicas para as pessoas que perderam um ente querido ou para aqueles que estão à sua volta. Penso que, em algum momento estaremos de um ou outro lado dessa história, então sempre é bom refletir sobre o que fazer nesses momentos de dor.

1- Respeite o momento do Choque.

Todos nós, quando sofremos uma perda temos um momento de “choque” inicial. Essa reação acontece porque nosso Ego não é capaz de absorver a realidade da notícia e, por defesa, há uma paralisia das emoções e da capacidade de perceber o entorno. Em geral, essa reação pode durar minutos, horas ou dias e a pessoa tem a tendência a manter a vida interior rica de ilusões em relação ao ser que partiu. O choque pode desencadear um verdadeiro “apagão” de consciência ou reações corporais como tremores, desmaios, vômitos e diarreias. A pessoa também pode estar em choque quando apresenta reações aparentemente frias e indiferentes ao que está acontecendo. Respeite esse momento e se você estiver ao lado de alguém em choque acolha a pessoa enlutada, que aos poucos irá conseguir ir compreendendo a realidade.

2- Cada um tem seu tempo para encarar a realidade da perda.

É comum que pessoas enlutadas passem por uma fase de negação, demonstrando uma resistência à perda para evitar o desequilíbrio psíquico. Nestes casos, a expressão emocional pode ficar bloqueada, ou tenta-se negar a perda procurando esquecer o ocorrido ou evitando pensar no assunto. Também pode haver uma reação hiperativa, onde a pessoa age como se nada tivesse acontecido e busca se entreter no máximo de atividades possíveis para evitar entrar em contato com sua dor. Este tende a ser um período passageiro, mas preocupante quando se estende demais, sem o espaço para as demais reações naturais. O uso de substância psicoativas (calmantes, drogas e álcool) nesse momento pode ser outra tentativa de fuga encontrada. Assim, é preciso ficar atento a presença de tais reações, e buscar ajuda especializada quando sentir necessidade.

3- O luto traz uma avalanche de emoções.

Os mais diversos sentimentos podem advir de um luto! Tristeza, Raiva, Revolta, Alívio, Culpa, Medo, Impotência, Ansiedade… enfim, as mais profundas emoções podem ser despertadas. O luto é um processo doloroso e é preciso fazer um verdadeiro trabalho de superação. A expressividade emocional é fundamental para que a pessoa possa digerir a realidade da perda. Não evite o contato com seu sofrimento e procure as pessoas realmente disponíveis emocionalmente para contar sobre o que está sentindo. Seus sentimentos são legítimos e merecem ser respeitados e acolhidos.

4- É preciso chorar a sua dor.

Você não pode escolher não sofrer! O luto é uma experiência altamente dolorosa e que realmente abala qualquer estrutura. Bloquear, inibir ou adiar o seu luto não irá ajudar. Chorar, falar somente sobre o luto, limitar a sua vida a esse acontecimento por um tempo é natural e faz parte do processo de assimilação da realidade. Lembre-se que perder alguém é algo maior que o Ego consegue abarcar de uma vez e, por isso, precisa ser digerido lentamente.

5- Nunca estimule alguém a “sair” logo do seu luto.

Pedir ou estimular que uma pessoa enlutada se recupere rápido ou não expresse suas emoções é totalmente desaconselhável. Esta atitude, ao invés de ajudar, pode bloquear uma reação normal de luto e desencadear outros problemas, como a hiperatividade ou até mesmo processos depressivos e de adoecimento. Cada um tem seu tempo para superar o luto e tocar a vida em frente. Procure ser sensível a esse momento e acolher o enlutado encorajando-o a expressar seus sentimentos e a encontrar seus recursos emocionais para lidar com a perda.

6- Nos sentimos impotentes diante da dor de alguém.

Realmente quando o outro sofre uma perda somos relativamente impotentes frente ao que ele está sentindo. Não podemos apagar o que aconteceu e nem evitar a avalanche de reações e sentimentos que eclodem a partir do luto. Mas, estar ao lado da pessoa, manter-se presente, escutá-la e acolhê-la emocionalmente (respeitando as dicas anteriores) é algo que você pode fazer e que é de extrema importância neste momento.

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