Toda criança sente medo de alguma coisa. É natural e
esperado que as crianças sintam medo. A ausência dele é até preocupante. Se a
criança não sente medo instintivo de altura, por exemplo, pode caminhar até um
local alto e cair.
Entre
os 3 e 5 anos a criança está na fase natural dos temores. A imaginação assume
papel preponderante. Medo de trovão, de escuro, de dormir sozinho são medos
naturais e à medida que a criança amadurece emocionalmente ele desaparece. São
medos comuns sendo transversais à várias culturas e civilizações. Ocorrem
geralmente na hora de dormir, quando a criança precisa se separar fisicamente
dos pais, momento que ela se sente “desprotegida”.
O
papel dos pais é muito importante para facilitar este processo. Para ajudar seu
filho, respeito e apoio são fundamentais, mas não é tudo. É preciso ter
compreensão. Mostrar que é normal sentir medo. Conversar bastante com a
criança. Perceber o que elas estão fazendo para lidar com o seu medo. Qual o
artifício usado por ela para driblar o medo.
Quando
a criança é muito pequena fica difícil reconhecer o que a assusta. Ela não
consegue explicar e muitas vezes nem quer falar sobre o assunto. Quando
sente medo de ficar sozinha no quarto porque tem um monstro no armário,
os pais podem conversar com ela, mostrar o armário aberto, ou até mesmo, entrar
na fantasia da criança, dar segurança a ela trancando o “monstro” no armário já
que ela tem medo, pode ser uma saída. Aceitar que ela corra para sua cama pode
ser mais fácil, mas não é a melhor saída porque ela pode confirmar que seu medo
se justifica. Ajudar a criança a encarar o medo é a melhor forma. É preciso que
os pais reconheçam o medo da criança como um sentimento verdadeiro. Além disso,
que eles possam reconhecer que o medo é algo que a criança está falando. Porque
ao falar de um medo a criança está tentando expressar algo que a angustia. Se
os pais podem conversar com a criança, escutá-la e percebem a importância
disso, podem ficar tranquilos.
Porém,
nem sempre o apoio dos pais é o suficiente. Neste caso é necessário procurar
ajuda profissional. O medo intenso pode provocar sofrimento para a criança. O
importante é perceber as mudanças de comportamento. Elas podem ser sinais
expressivos de que o temor passou dos limites.
Quando
o medo é maior que o normal, ele se torna uma fobia. Isso depende de que se
perdure no tempo sem se transformar. Se o medo vai se transformando de uma
coisa em outra, este processo é normal na infância. Geralmente, os pais se dão
conta de que o medo está excessivo porque eles são muito solicitados. A criança
fica com tanto medo que perde a autonomia. Se a criança tem medo de escuro,
pedirá que os pais fiquem com ela até dormir ou irá para a cama deles. Se tem
medo de cachorro, não ficará sozinha em ambientes que tenha o cachorro.
O
medo é um limite “auto imposto” e por isso é muito importante na formação do psiquismo.
Quando muito pequena a criança precisa que os pais lhe mostrem os limites.
Quando aparecem os medos, a criança vai criando seus próprios limites,
aprendendo a noção de perigo, perdendo a onipotência, se sentindo mais frágil.
Quando
esses medos não são resolvidos na infância ele continua até a vida adulta. A
maioria dos medos dos adultos vêm da infância e permanecem quase idênticos.
Neste sentido, o medo adulto indica uma subjetividade que permaneceu no
infantil.
Fonte: Instituto Randolph Carter Por Joana Autran
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