O encantamento de uma pessoa por outra pode ser acompanhado por exames de neuroimagem
Já faz algum tempo que amor e paixão deixaram de ser domínio dos poetas e filósofos e passaram a figurar no leque de temas de interesse da neurociência. Afinal, que propriedade do cérebro pode ser mais intrigante do que sua capacidade de se apaixonar por outro cérebro – e, claro, o corpo que o acompanha?
Com a tecnologia moderna, nada mais fácil do que colocar voluntários devidamente apaixonados dentro de um aparelho de ressonância magnética funcional e investigar que partes do cérebro se “acendem” quando o objeto do seu desejo é avistado – em comparação, por exemplo, à visão de outras pessoas igualmente bonitas, ou do mesmo sexo e idade, mas não tão especiais quanto aquela por quem o cérebro se apaixonou. O único problema é determinar, primeiro, quem de fato está devidamente apaixonado. Não é bem uma questão trivial, mesmo porque envolve um alto grau de honestidade para consigo mesmo que nem todos têm, e que não adianta querer ter. Para quem está em dúvida, eis uma pequena lista de critérios diagnósticos (de nenhum valor médico, por favor!):
- Pensamentos obsessivos e intrusivos a respeito de uma única pessoa, como se seu cérebro não conseguisse afastar sua ideia da mente;
- Motivação aumentada quanto a tudo o que puder colocá-lo na presença desta pessoa, seja atravessar a cidade para encontrá- la em um bar, reorganizar toda sua agenda da semana ou fazer mágicas para conseguir uma passagem de avião;
- Necessidade diminuída de sono, pois qualquer oportunidade de ficar acordado na presença daquela pessoa (ou de sua voz, ou avatar e texto em programas de mensagens instantâneas ou SMS) é agarrada com unhas e dentes;
- Sensação de euforia em sua presença, acompanhada de otimismo incorrigível e um sorriso bobo no rosto;
- Olhar fixado no outro, que rouba o foco da sua atenção e torna tudo ao redor irrelevante;
- Necessidade de tocar no outro, acompanhada de manifestações fisiológicas variadas (coração disparado, pele eletrizada, rosto ruborizado) e desejo sexual irresistível;
- Ideação constante sobre futuros possíveis com essa pessoa especial; e
- Angústia da separação, uma ansiedade terrível em resposta a meros pensamentos sobre distanciamento e eventualmente morte da pessoa em questão.
Quem já esteve profundamente apaixonado saberá se reconhecer aqui; quem está em dúvida pode tentar se “diagnosticar”. Pessoalmente, acho que a angústia da separação é um excelente critério de desambiguação. Faça uma lista mental de pessoas do seu conhecimento e – em segredo, e de maneira totalmente hipotética! – “mate-as” uma a uma. A morte do síndico do seu prédio ou de seu chefe não deve incomodá-lo muito; a morte de um tio talvez seja lamentável, mas suportável. Já a morte de um filho, ou daquela pessoa em especial... bingo!
Foi por causa dessa lista de características tão particulares que a antropóloga Helen Fisher, especialista em amor e paixão, propôs que esta fosse considerada não um sentimento ou emoção, mas um estado particular de hipermotivação e atenção focado na pessoa querida. Anos depois, a ressonância magnética confirmou: o cérebro apaixonado tem seu sistema de recompensa e motivação, centrado no estriado ventral, hiperativado por tudo o que é direta ou vagamente relacionado ao objeto do desejo. Tudo a seu respeito é maravilhoso, desejável e certamente digno dos maiores esforços.
Conhecer suas origens no estriado ventral torna a paixão menos maravilhosa? Nem um pouco, eu diria. Se esse pedacinho de nada do meu cérebro pode me fazer sentir assim... uau!
Com a tecnologia moderna, nada mais fácil do que colocar voluntários devidamente apaixonados dentro de um aparelho de ressonância magnética funcional e investigar que partes do cérebro se “acendem” quando o objeto do seu desejo é avistado – em comparação, por exemplo, à visão de outras pessoas igualmente bonitas, ou do mesmo sexo e idade, mas não tão especiais quanto aquela por quem o cérebro se apaixonou. O único problema é determinar, primeiro, quem de fato está devidamente apaixonado. Não é bem uma questão trivial, mesmo porque envolve um alto grau de honestidade para consigo mesmo que nem todos têm, e que não adianta querer ter. Para quem está em dúvida, eis uma pequena lista de critérios diagnósticos (de nenhum valor médico, por favor!):
- Pensamentos obsessivos e intrusivos a respeito de uma única pessoa, como se seu cérebro não conseguisse afastar sua ideia da mente;
- Motivação aumentada quanto a tudo o que puder colocá-lo na presença desta pessoa, seja atravessar a cidade para encontrá- la em um bar, reorganizar toda sua agenda da semana ou fazer mágicas para conseguir uma passagem de avião;
- Necessidade diminuída de sono, pois qualquer oportunidade de ficar acordado na presença daquela pessoa (ou de sua voz, ou avatar e texto em programas de mensagens instantâneas ou SMS) é agarrada com unhas e dentes;
- Sensação de euforia em sua presença, acompanhada de otimismo incorrigível e um sorriso bobo no rosto;
- Olhar fixado no outro, que rouba o foco da sua atenção e torna tudo ao redor irrelevante;
- Necessidade de tocar no outro, acompanhada de manifestações fisiológicas variadas (coração disparado, pele eletrizada, rosto ruborizado) e desejo sexual irresistível;
- Ideação constante sobre futuros possíveis com essa pessoa especial; e
- Angústia da separação, uma ansiedade terrível em resposta a meros pensamentos sobre distanciamento e eventualmente morte da pessoa em questão.
Quem já esteve profundamente apaixonado saberá se reconhecer aqui; quem está em dúvida pode tentar se “diagnosticar”. Pessoalmente, acho que a angústia da separação é um excelente critério de desambiguação. Faça uma lista mental de pessoas do seu conhecimento e – em segredo, e de maneira totalmente hipotética! – “mate-as” uma a uma. A morte do síndico do seu prédio ou de seu chefe não deve incomodá-lo muito; a morte de um tio talvez seja lamentável, mas suportável. Já a morte de um filho, ou daquela pessoa em especial... bingo!
Foi por causa dessa lista de características tão particulares que a antropóloga Helen Fisher, especialista em amor e paixão, propôs que esta fosse considerada não um sentimento ou emoção, mas um estado particular de hipermotivação e atenção focado na pessoa querida. Anos depois, a ressonância magnética confirmou: o cérebro apaixonado tem seu sistema de recompensa e motivação, centrado no estriado ventral, hiperativado por tudo o que é direta ou vagamente relacionado ao objeto do desejo. Tudo a seu respeito é maravilhoso, desejável e certamente digno dos maiores esforços.
Conhecer suas origens no estriado ventral torna a paixão menos maravilhosa? Nem um pouco, eu diria. Se esse pedacinho de nada do meu cérebro pode me fazer sentir assim... uau!
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