Tristeza, medo, melancolia, síndrome do
pânico, vontade de desistir – essas coisas que só acontecem com os outros.
É ridículo, é estúpido, é cruel. Mas é
verdade. A ansiedade é um processo doentio que pode fazer o sujeito sofrer mais
do que uma doença física. O ansioso não sofre com a realidade, mas com a
expectativa. O ansioso se lastima menos com uma situação real, ainda que
terrível, do que com a antecipação dessa situação, que ele sofre terrivelmente.
O ansioso prefere a falência do seu
empreendimento, uma situação concreta para ele enfrentar, do que uma
possibilidade de sucesso, de onde advém toda sua angústia e sua insônia.
E qual é a primeira coisa que o ansioso
fará, logo depois de resolvida uma situação que atiçava a sua ansiedade? Vai
recusar o momento de relaxamento e procurar, ou engendrar, tão logo quanto
possível, outra situação que lhe sirva de fonte de desassossego, para voltar a
roer as unhas e produzir suco gástrico.
Mal atingem uma determinada meta, os
ansiosos já se impõem um novo desafio. De preferência mais espinhoso e
inexequível. Ou seja: já começam a sofrer de novo. Sofrimento non stop.
Ansiosos são estoicos. Mais do que isso: são masoquistas.
Eis o que o ansioso não percebe: o
sucesso não é uma meta, é um processo. Estamos sempre em movimento e o êxito
não é senão continuar caminhando com alegria, esperança e serenidade em direção
a ele. O sucesso não é um patamar fixo a ser alcançado – mas um movimento
diário, em que a única coisa garantida é a necessidade de continuar em movimento,
andando, um passo de cada vez, um tombo hoje, uma vitória amanhã.
Os ansiosos se esfalfam pelo caminho.
Colocam toda a recompensa pessoal pelo sacrifício na linha de chegada. Não
apreciam a frase, muitas vezes bonita, que vão escrevendo pela vida – estão
sempre afogueados por cravar o ponto final na sentença, como se só ele
importasse. Uma coisa maluca. Ansiosos aceleram tanto que se esquecem de
apreciar a paisagem. De olho da bandeirada final, nem sabem direito por onde
passaram.
Sempre haverá lacunas em nossa
trajetória. Espaços vazios a serem preenchidos só somem da vida da gente quando
a vida da gente termina. Mas o ansioso não reconhece o quanto já conquistou.
Não celebra o tanto que caminhou. Está sempre em dívida consigo mesmo, se
sentindo atrasado.
A ansiedade cobre a visão do sujeito
com uma névoa de pessimismo – ele passa a enxergar somente as tragédias
possíveis, só o que pode não dar certo, e as decepções e rejeições que ele tem
certeza que pontuarão seu caminho.
(Autor: Adriano Silva, publisher
do Projeto Draft)
Fonte: Fãs da Psicanálise
2 comentários:
Muito interessante essa publicação, Ismael. É bom ver que há bons profissionais que se preocupam com os seres humanos em cada situação. Depois passe em nosso site e dê uma olhada em nossos artigos, acho que podem te interessar.
Clínica Diálogo
Olá Clínica Diálogo. Agradeço pelo comentário. Sempre que encontro publicações válidas sobre a psicologia e que são de interesse da população, busco publicar. Irei acessar o site da Clínica Diálogo. Muito bom ter esse contato com vocês. Grande Abraço
Att,
Ismael dos Santos
(66)9.8406-5870
www.providaaf.com.br
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