segunda-feira, 27 de abril de 2015

A arte de ouvir!

Rubem Alves, psicanalista, escritor e teólogo, nos deixou uma variedade de textos que refletem conhecimentos e compreensão das emoções humanas. De vários textos, vou destacar um, pois acredito que revela um desejo profundo, que pertence a TODOS.

“O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranquila. Em silêncio. Sem dar conselhos. Sem que digam: “Se eu fosse você…” A gente ama não é a pessoa que fala bonito. E a pessoa que escuta bonito. A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta. É na escuta que o amor começa. E é na não-escuta que ele termina. Não aprendi isso nos livros. Aprendi prestando atenção. Todos reunidos alegremente no restaurante: pai, mãe, filhos, falatório alegre.

Na cabeceira, a avó, com sua cabeça branca. Silenciosa. Como se não existisse. Não é por não ter o que dizer que não falava. Não falava por não ter quem quisesse ouvir. O silêncio dos velhos. No tempo de Freud as pessoas procuravam os terapeutas para se curarem da dor das repressões sexuais. Aprendi que hoje as pessoas procuram os terapeutas por causa da dor de não haver quem as escute. Não pedem para ser curadas de alguma doença. Pedem para ser escutadas. Querem a cura para a dor da solidão. (…)” (Rubem Alves, em “Se Eu Fosse Você” (do livro “O Amor Que Ascende a Lua”).

Jung, psiquiatra suiço, tempos antes, já havia escrito sobre a arte de ouvir. “A solidão não significa ausência de pessoas à nossa volta, mas sim o fato de não podermos comunicar-lhes as coisas que julgamos importantes, ou mostrar-lhes o valor de pensamentos que lhes parecem improváveis”. Todos nós queremos aprender a arte de falar em público, de expressar, de ter uma boa oratória. Mas quem gostaria de aprender a ouvir?

Ouvir talvez seja mais difícil que falar, mas nada é tão difícil que não possamos aprender. Ao conversar com alguém, esqueça o celular e as redes sociais. Esqueça as pessoas que estão longe e lembre-se da que está perto. Não interrompa, não diga “eu acho…”, “eu faria isso…”, “eu também…”, faça silêncio por um tempo, apenas ouça! Preste atenção, seja calmo, paciente, tranquilo. Parece difícil? Mas tente! Lembre-se ouvir é um ato de amor. Quer ser ouvido? Primeiro ouça!


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