Dor não se mede nem se compara. Dor se consola. Quando estamos sofrendo
a nossa percepção se modifica. O mundo se estreita e parece não haver portas
abertas ou janelas para se pular. E se tem alguma, não temos força para nos
atirarmos do outro lado. A janela parece sempre alta demais. E o outro lado nos
assusta.
Sofrer é
andar no escuro tateando num lugar desconhecido e inóspito. Quando sofremos
queremos ser consolados. Pode ser com palavras, com olhares ou com apenas um
abraço forte que diga "Você não está sozinho".
Muitas
pessoas bem-intencionadas, realmente dispostas a ajudar, costumam contar
histórias muito tristes e até mesmo trágicas que ocorreram em sua vida com o
intuito de mostrar que existem dores maiores no mundo e desta forma minimizar o
sofrimento de quem chora ou simplesmente está prostrado, sem vontade de nada.

Cada pessoa
é única, um universo complexo, cheio de particularidades e maneiras próprias de
se expressar e viver as crises e se recuperar delas. Talvez, algumas pessoas se
sintam realmente melhores , com a dor apaziguada, ao ouvirem relatos tristes.
Mas normalmente esta prática só gera sentimento de culpa, mais sofrimento e
algumas vezes até certa irritação pois quem quer ser consolado, não deseja
receber uma lição de moral no auge da dor.
O sofrimento
deveria ser vivenciado sem tantos tabus. Sofrer faz parte da vida depois de uma
grande perda. Pular ou negar o luto é contrariar a complexidade da vida e
enganar a si mesmo. A pior e mais nefasta mentira que podemos praticar.
Não, dor não
se mede nem se compara. Dor se consola e cura dia a dia, aos poucos, cada um no
seu tempo e com os seus meios. Sair da dor é como buscar a saída de um
labirinto e por mais que os entes queridos e amigos sejam essenciais no
processo de recuperação, cabe a quem sofre fazer os seus caminhos.
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