Os municípios deverão manter pelo menos
um hospital de referência para atendimento emergencial, integral e
multidisciplinar a vítimas de violência sexual, oferecendo, num mesmo local,
tratamento médico e psicológico, atendimento profilático, facilitação do
registro policial da ocorrência e coleta de material para identificação do
agressor.
Essa assistência em rede está prevista em
projeto (PLC 3/2013) aprovado nesta quarta-feira (10) pela Comissão de Direitos
Humanos e Legislação Participativa (CDH), que segue agora para decisão
terminativa na Comissão de Assuntos Sociais (CAS).
Presente à reunião da CDH, a autora da
proposta, deputada Iara Bernardi (PT-SP), explicou que o projeto torna lei
protocolo já existente no Sistema Único de Saúde (SUS), mas que não vem sendo
cumprido.
– Tem que ter um hospital de referência,
com regras para o atendimento policial, atendimento psicológico à vítima de
violência sexual, coleta de material para possível identificação do agressor e
medicamento que ela precisa receber, como a pílula do dia seguinte, para não
engravidar. É um aparato que tem que funcionar em rede – disse a deputada, ao
lembrar que as medidas devem ser tomadas até 72 horas após a agressão.
A proposta define violência sexual como
“qualquer forma de atividade sexual não consentida” e detalha os serviços
obrigatórios que devem estar disponíveis nos hospitais integrantes do SUS.
Estabelece, por exemplo, a realização de
diagnóstico e tratamento das lesões, apoio psicológico, profilaxia da gravidez
e das doenças sexualmente transmissíveis e informações sobre serviços
sanitários disponíveis. Determina ainda a colaboração nos procedimentos
policiais e investigativos, como a preservação de materiais coletados e exame
de DNA para identificação do agressor.
Em voto favorável, a relatora na CDH e
presidente da comissão, Ana Rita (PT-ES), elogiou o caráter amplo da proposta,
que não limita o apoio à mulher vítima de violência.
– Sabemos que não são raros os casos de
violência sexual contra crianças, jovens e idosos, do sexo masculino, bem como
contra transexuais, travestis e homossexuais de qualquer sexo. O projeto trata
de não fazer distinção de gênero entre as vítimas. Só podemos louvar esse
posicionamento – frisou.
Para Ana Rita, a visão ampla de
atendimento prevista na proposta facilitará a recuperação física e psicológica
da vítima, contribuindo para o restabelecimento de sua autoestima e
autoconfiança.
Também manifestaram apoio à proposta os
senadores Paulo Paim (PT-RS), João Capiberibe (PSB-AP), Eduardo Suplicy
(PT-SP), Paulo Davim (PV-RN). Na opinião de Paulo Davim, que é médico, a rede
de acolhimento prevista no projeto ajudará a reduzir o sofrimento e
constrangimento das vítimas de violência sexual e contribuirá para melhorar o
atendimento hospitalar a esses casos.
– Os serviços em geral não têm estrutura
para atender às mulheres vítimas de violência e os servidores não estão
preparados para a gravidade do problema – observou, ao elogiar a iniciativa.
Fonte: SENADO FEDERAL
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