Dentro de uma
abordagem Analítico-comportamental, o reforçamento positivo está presente em
muitas técnicas e sem duvida é um princípio importante para a mudança
comportamental. Entender o conceito e a aplicação é fundamental para o analista
do comportamento articular as sessões para que classes de respostas-alvo sejam
constantemente reforçadas a fim de se mudar um comportamento problema, caso seja
este o objetivo.
O terapeuta deve no início ser um agente
reforçador por si só, já que o cliente o tem como alguém que pode ajudá-lo e
qualquer ato ou palavra que alivie o sofrimento já tem um papel reforçador para
respostas de compromisso e maior aderência ao processo psicoterápico. Ainda
podemos falar que esses processos aprofundam e melhoram a relação terapêutica
que se está sendo estabelecida entre terapeuta e cliente.
Ao lidar com o reforço positivo são necessários
cuidados; é preciso estabelecer um criterioso levantamento de dados e fazer uma
boa análise funcional para definir a princípio qual é o melhor esquema de
reforçamento para o caso do cliente dentro dos objetivos da terapia.
Alguns clientes funcionam sobre um esquema de
contingência de reforço positivo muito infreqüente. Isso significa que esses
clientes têm uma tolerância à frustração muito grande. Sendo assim, acabam não
sendo sensíveis a novas contingências reforçadoras e não operam no ambiente,
pois já se acostumaram a suportar frustração e condições aversivas. Nesse caso,
mantêm seu comportamento inalterado, mesmo que seu padrão de respostas produzam
conseqüências aversivas.
Clientes que são expostos a contingências de
total privação ou de privação moderada de fontes reforçadoras experimentam um
intenso sentimento de culpa assim que os reforçadores são apresentados. Isso
acontece por possuírem repertórios modelados de uma extrema tolerância à
frustração (Guilhardi, 2002, p. 136).
Contingências de reforçamento positivo escassas
podem dificultar a geração de repertórios comportamentais capazes de produzir
reforçadores em ambiente natural intrinsecamente, precisando sempre de esquemas
de reforço extrínseco e sugerindo baixa auto-estima e dificuldades em
relacionar-se em um ambiente social. Com isso, pode-se dizer que o indivíduo
sofre um impacto negativo em sua variabilidade comportamental e, portanto vai
ter dificuldades em buscar novas formas de reforçamento.
Segundo Horcones (Apud Madi, 1983), as palavras
“extrínseco e intrínseco” referem-se apenas à origem das conseqüências. Se o
cliente ao responder a estímulos discriminativos obtém uma conseqüência
reforçadora, dizemos que o reforçamento é intrínseco e com isso se configura em
uma resposta naturalmente reforçada.
Quando o responder do cliente é reforçado pelo
ambiente através do terapeuta, dizemos que o reforço é extrínseco e arbitrário,
já que foi possibilitado por outra fonte que não seja o próprio responder do
sujeito. Em outras palavras, quando falamos de reforçamento positivo intrínseco,
nos referimos a uma relação entre resposta-conseqüência em que a conseqüência é
produto direto da resposta. Quando falamos de reforçamento positivo extrínseco,
vamos nos referir a uma relação conseqüência-resposta em que a conseqüência
depende da própria resposta do indivíduo somado a outros eventos.
O reforçamento intermitente é mais eficaz que o
CRF por facilitar a variabilidade comportamental, já que torna a sessão mais
próxima ao ambiente natural onde é preciso operar no ambiente e algumas
respostas vão ser reforçadas e outras, não.
O reforçamento de esquema intermitente mostra
melhores resultados porque aumenta a tolerância à frustração e obriga o
indivíduo a continuar operando para receber o reforço que outrora era sempre
apresentado. Isso é especialmente verdade quando falamos de comportamento
social, onde algumas respostas são reforçadas e outras entram em extinção.
O reforçamento positivo é um processo que
consiste em apresentar um estímulo conseqüente que aumente a probabilidade da
emissão de respostas. Dentro do contexto clinico, é importante determinar
respostas que devem ou não ser conseqüenciadas positivamente.
Mas também é sabido que, como no caso da
psicoterapia o reforço é obtido dentro do contexto clínico, pode ser que o mesmo
reforço não seja produzido em ambiente natural. É necessário que o terapeuta
também ajude o cliente a instrumentalizar-se para obter esses reforços fora do
contexto clínico, podendo generalizar fontes reforçadoras obtidas através de um
novo repertório comportamental que foi ou está sendo modelado em terapia.
A terapia seria falha se o cliente só
conseguisse operar em um ambiente clínico e só fosse reforçado nesse ambiente,
não levando novos repertórios para seu ambiente natural. O reforço extrínseco
deve ser capaz de instalar novos repertórios comportamentais para que o reforço
seja intrínseco ao comportamento do cliente. Nesse caso, acontecerá a
generalização e conseqüentemente repertórios inadequados, não assertivos e
agressivos vão ser extintos.
Em alguns casos o terapeuta sozinho não
consegue modelar novos repertórios comportamentais apenas em um ambiente
clínico. Para esses casos, o trabalho conjunto com o A.T. (Acompanhante
Terapêutico) mostra resultados interessantes. O terapeuta como fonte reforçadora
em ambiente clínico modelando novos repertórios comportamentais e o A.T. como
fonte reforçadora externa ao contexto clínico e, em alguns casos mais graves,
como modelo de novos repertórios para o cliente.
Texto Completo em: Comporte-se
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