Não é raro as pessoas brincarem dizendo que alguém está “doido” e que, portanto, necessita de um psicólogo. Essa brincadeira, bastante comum em qualquer classe econômica ou faixa etária da nossa sociedade, revela uma questão: de uma maneira geral e bastante simplista, o senso comum acredita que a Psicologia é “coisa para pessoas desequilibradas, com problemas mentais ou desajustes sociais”. Esse mesmo senso comum, que também costuma pensar que Psicologia “é coisa para mulheres, para fracos ou pessoas que não sabem o que querem da vida”, tem as suas raízes fincadas tanto no desconhecimento absoluto do que faz um psicólogo, quanto na falsa idéia de que “quem sabe o que faz”, sabe mesmo o que faz, o que pensa e o que sente. Então, se essas são as seivas das quais o senso comum se alimenta, falemos agora, rapidamente, sobre elas, contribuindo para o verdadeiro esclarecimento das pessoas que, talvez e desnecessariamente, estejam sofrendo sem saber que existe um profissional especializado em sofrimento humano.
Esse profissional é o psicólogo e, essencialmente, é isso o que ele faz: trabalha com o sofrimento humano. Esse sofrimento, independentemente da intensidade com que se apresente, pode estar relacionado a qualquer outra condição humana, como, por exemplo, um casamento, um curso, uma viagem, um namoro, um emprego, uma dívida, uma perda, uma desilusão ou um medo.
As possibilidades, infinitas por definição, são proporcionais às possibilidades da criatividade humana, intrinsecamente permeadas por pensamentos, sentimentos, julgamentos, interesses, expectativas, desejos, receios e todo o mais que os homens podem desenvolver a partir das suas complexas existências e, ainda mais complexas, teias de relacionamentos. Frente aos turbilhões de possibilidades existenciais, comportamentais e relacionais que os homens podem desenvolver, não é de se estranhar que os indivíduos, às vezes, possam se sentir ou se julgar confusos, desestimulados, perdidos ou entristecidos, e, por conseqüência desses sentimentos ou julgamentos, desenvolverem as mais diferentes e improváveis reações comportamentais, atitudinais e até mesmo biológicas em suas vidas.
O psicólogo, frente a essas questões, é o profissional capacitado, pela ciência e pela prática profissional, para acolher e ajudar o indivíduo a olhar, refletir, avaliar a sua situação e a intervir sobre ela. E por que o psicólogo é o profissional capacitado para isso? Por que é ele que, primeiramente, dedica a sua formação acadêmica aos estudos dos mecanismos de funcionamento e operação da mente e do comportamento humano.
Esse profissional, em outras palavras, é o profissional capacitado para compreender os mecanismos de funcionamento do cérebro, da mente, dos pensamentos, sentimentos e comportamentos dos homens, sendo apto, portanto, para auxiliá-los em relação as suas dificuldades frente às condições e características das suas vidas particulares ou relacionais. Por entender como a mente, a alma e/ou a consciência humana se sistematiza, organiza e age, o psicólogo é o profissional melhor capacitado para avaliar os “nós”, ou aparentes “nós”, nos quais essa mesma mente, alma e/ou consciência humana, às vezes, pode se enroscar.
Dito isso, não é difícil compreender que qualquer ser humano, em qualquer etapa da sua vida, possa, às vezes, necessitar dos conhecimentos, técnicas e habilidades de um psicólogo. “Doido”, “desajustado”, “fraco” ou não, sabendo ou não sabendo o que quer da vida, qualquer ser humano está sujeito a dar “nós” na cabeça. Não é ótimo, portanto, existir um profissional que, por conta de seus conhecimentos, técnicas e habilidades, entenda de “nós” e esteja apto a identificá-los, compreendê-los e a desfazê-los? Na verdade, tais conhecimentos, técnicas e habilidades dos psicólogos já extrapolaram o universo existencial dos indivíduos em sofrimento e também se tornaram úteis ao universo existencial e relacional de organizações empresariais, instituições escolares, ambientes esportivos, hospitalares e comunitários das sociedades humanas.
Nessas outras estruturas, o psicólogo também pode atuar favorecendo e potencializando a saúde mental das pessoas, prevenindo doenças, prejuízos e outros tantos “nós” que, onde há cérebros, mentes, consciências, inconsciências e comportamentos humanos, são passíveis de aparecerem.
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